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Madonna, cifras, gelo e alface
Por Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
20/12/2008 | 07:00
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Da AFP


Gosta de Madonna? Ainda há ingressos para este sábado e domingo, últimos shows da turnê Sticky & Sweet, no Estádio do Morumbi. Passagem histórica em turnê mundial da cantora. E nem é preciso citar a enxurrada de números impressionantes. Até porque, sejamos realistas, a bilheteria funcionava normalmente anteontem.

O momento deve encerrar uma fase da artista com meio século de vida. Ela sinaliza novos rumos ao vender no show Pharrell Williams, Britney Spears e Justin Timberlake. Não se tratam de pupilos, é showbusiness - leia-se milhares de dólares.

E não se trata aqui de "turnê do lucro sujo", expressão cunhada em 1996 pelos Sex Pistols ao anunciar seu revival. Madonna, mesmo após o recente divórcio, tem fortuna beirando os US$ 500 milhões.

É mais um de seus admiráveis movimentos de reinvenção que, para os que seguem sua trajetória, vale a pena ser visto de perto. Até porque é tecnologicamente deslumbrante. Um musical moderno, recheado de hits... de Madonna, claro. Quem não bancaria um projeto desses?

A empresa contratante Live Nation pagou à cantora US$ 120 milhões. Cifras novamente. Não à toa, Madonna usa um anel, na verdade um soco-inglês, na foto oficial da turnê com a corruptela Mdolla, uma brincadeira com seu nome e as verdinhas. Cifrões enfeitam seu cinturão de boxeador estilizado.

Madonna sempre esteve à frente, inclusive da piada, ou esculhambação. O último recurso hoje ela dispensa. A diva está, aos 25 anos de carreira, no auge. Orbitam em torno dela os melhores coreógrafo, figurinista, maquiadora etc. Até o DJ, ninguém menos que o inglês Paul Oakenfold, desmarca seus compromissos para reforçar a entourage.

Aliás, ele se faz de morto ao esquentar a platéia no show, chegando ao óbvio de mixar hits de Eurythmics e White Stripes para manter o povo acordado. Ou irritado, a ponto de clamar por Madonna.

Até o atraso parece calculado. O recurso batido cria tensão suficiente para a entrada triunfal da diva. De sua loja de doces, ela oferece o que quer e na hora que bem entende.

Há espaço no show para hinos como Music, mas também para referências à cabala (não marca show na sexta-feira), Barack Obama e até ciganos romenos. E beijo na boca de uma das bailarinas, para delírio de seu séquito GLS. Como disse um fã gay de São Bernardo, 27 anos, presente a esse primeiro show, a loira simboliza "liberdade".

E sim, Madonna está sarada de forma impressionante. Mas nada que o realismo de outro espectador, este um pré-adolescente que acabara de comprar um belo hambúrguer não faça cair por terra. Perguntado como se imaginava aos 50 anos, o paulistano Eduardo da Paz, 12, respondeu: "Bem velho. Ela, para estar assim, só deve comer gelo e alface."




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