Num discurso inflamado para os ativistas mobilizados em Brasília, Stédile defendeu que os movimentos devem continuar colocando "o povo nos acampamentos" para mostrar à sociedade que a distribuição de terras é "solução contra o desemprego". O líder sem-terra criticou ainda a existência de alas "neoliberalistas" dentro do governo. Por fim, Stédile convocou os sem-terra a discutirem com o governo, além de metas de assentamento de terras, um novo modelo econômico para o país.
No mesmo evento, o ministro Rossetto reconheceu que o governo federal fez pouco pela reforma agrária em 2003. Ele admitiu que a meta de 60 mil assentamentos para o primeiro ano de governo Lula será cumprida pela metade. Mas Rossetto previu um quadro mais animador em 2004.
O ministro atribuiu as dificuldades para a questão agrária à falta de recursos, fruto de "um processo de transição" de governos. "Nós recebemos um orçamento extremamente difícil, mas trabalhamos muito e já temos 30 mil assentados", avaliou.
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, afirmou que a consolidação da reforma agrária depende da "subida de três rampas": do Palácio do Planalto (sede da Presidência da República), do Congresso Nacional e do Poder Judiciário. Genoino destacou que a distribuição de terras enfrenta obstáculos por causa do "conservadorismo" da maioria dos parlamentares e da "burocracia" do Judiciário para a liberação de áreas. Para ele, a rampa do Planalto "é a mais fácil de subir".
O presidente petista cobrou uma aceleração do processo de reforma agrária em todos os Poderes.
Reunião - Os ativistas sem-terra chegaram a Brasília na marcha organizada pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo. Integrantes do MST, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão acampados na capital federal para reivindicar ações da reforma agrária. Nesta sexta-feira, às 11h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber líderes dos três movimentos para discutir a reforma agrária.
O presidente deve apresentar aos ativistas as ações que o governo federal tem feito no âmbito do Plano Nacional de Reforma Agrária. A promessa do governo é assentar um milhão de famílias de sem-terra até 2006.
O plano de reforma agrária do governo compreende a criação de assentamentos por meio de desapropriação de áreas agrícolas e a regularização da posse de áreas para 500 mil famílias que já estão na terra mas não possuem a escritura da propriedade. Outra frente do governo se baseia no uso do crédito fundiário para o assentamento de 150 mil famílias.
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