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Ocupação do Centreville faz 25 anos
Vanessa Selicani
Especial para o Diário
16/07/2007 | 07:16
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Não fosse pelas várias vielas de paralelepípedo e a arquitetura alemã que resiste em algumas casas, o bairro do Centreville, em Santo André, poderia passar despercepido pelo olhar de quem nasceu depois de 1982 no Grande ABC.

Mas as 539 casas, todas sem escrituras, guardam a história da primeira ocupação de residências bem-sucedida do país, ocorrida há exatos 25 anos.

As moradias foram projetadas para formarem um condomínio de luxo, nos padrões do que é hoje Alphaville, em Barueri, e começaram a ser contruídas em 1973. Quatro anos depois, a construtora pediu falência e as casas, algumas concluídas, foram abandonadas.

Crianças - Hoje, o Centreville tem UBS (Unidade Básica de Saúde), escola (Escola Estadual 16 de julho, em homenagem ao dia da ocupação), linhas de ônibus e comércios. Mas os tempos já foram bem mais difíceis.

Quem ousava driblar os seguranças e derrubar a porta de uma das residências de até 170m² vinha com os filhos. Márcia Aparecida da Silva, 29 anos, tinha 4 quando seu pai resolveu tentar a sorte no Centreville.

“As pessoas colocavam as crianças nas casas para que a polícia não entrasse. Aí, pregávamos tábuas nas janelas e o pessoal fazia uma barricada para não sermos pegos”, conta.

A dona de casa Haidee Aparecida Risso, 49 anos, ajudou a fazer um parto dentro de sua residência no primeiro mês da ocupação. “Não tinha nenhum meio de transporte para chegar até o hospital, então, tive que fazer ali mesmo.” Depois disso, virou madrinha da criança.

Muitos ambulantes rodavam pelo bairro oferecendo lanches, água, roupas e alguns utensílios. As lojas de material de construção também lucraram muito na época, já que grande parte das pessoas providenciou o acabamento das casas abandonadas.

Organização - Hoje, o comércio é o setor que mais emprega no bairro. Segundo dados levantados pelo advogado da Associação União e Luta do Centreville e um dos líderes do movimento de ocupação, Adonis Bernardes. 330 pessoas são empregadas de lojas do bairro.

A organização criada pela associação de bairro foi essencial para que a ocupação pudesse se estabilizar. Bernardes conta que, a certa altura, as lideranças eram chamadas até para resolver briga de marido e mulher. “Fomos chamados porque o casal queria se separar. Conversamos por algum tempo e eles se reconciliaram.” (Supervisão de Adriana Gomes)



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