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Índios da Raposa são manipulados por interesses estrangeiros, diz governador
Da Agência Brasil
08/12/2008 | 17:49
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O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, disse nesta segunda-feira, em Brasília, que os índios favoráveis à demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, uma área de 1,7 milhão de hectares, são manipulados por órgãos do governo em favor de interesses internacionais.

"O índio não é ator principal nem coadjuvante desse processo, mas um elemento usado para atender interesses internacionais escusos", afirmou o governador, em entrevista coletiva, convocada por ele para reforçar argumentos em prol de uma demarcação da reserva em ilhas. "É fácil comandar índio", acrescentou.

Quando provocado a nominar os grupos estrangeiros, que estariam manipulando os índios, o governador não respondeu de forma conclusiva. Inicialmente, citou apenas o caso de dois funcionários de mineradoras americanas, que teriam sido presos pela Polícia Federal na região."Não posso nominar, mas são interesses de países desenvolvidos na biodiversidade da Amazônia", disse o governador.

Anchieta Júnior se valeu de números para justificar a posição estadual contra a demarcação contínua. Segundo ele, 47% de estado de Roraima já estão comprometidos com demarcações.

O governador lembrou a demarcação Yanomami, também em Roraima, feita durante o governo de Fernando Collor de Mello. Segundo Anchieta Filho, o isolamento imposto a esses índios foi um exemplo da ineficiência de demarcações contínuas, uma vez que a expectativa de vida de um índio nessa área seria hoje de 45 anos.

"Será que é isso que o governo federal quer para a população indígena brasileira?", questionou o governador, após garantir que 100% da classe política, 90% da população do estado e 80% das comunidades indígenas seriam contra a extensão dada pelo governo federal à Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

O julgamento sobre a constitucionalidade da demarcação da reserva em faixa contínua, homologada pelo governo federal em abril de 2005, será retomado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira. Em 27 de agosto último, o relator, ministro Carlos Ayres Britto, votou pela manutenção da demarcação contínua, com a saída de todos os não-índios da reserva. Na ocasião, o ministro Menezes Direito pediu vistas do processo para melhor estudá-lo.

Na área em disputa vivem atualmente cerca de 18 mil índios de seis etnias, seis grandes produtores de arroz e 50 famílias de agricultores brancos, que se recusaram a deixar a área, apesar das indenizações oferecidas pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Brechas - O presidente da Funai, Márcio Meira, reafirmou hoje que qualquer decisão contrária à demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol poderá abrir "brechas perigosas" em relação às demais áreas indígenas do País.

"Isso, sim [a demarcação contínua], garantirá que todas as terras indígenas sejam preservadas e tenham garantidos seus direitos. Se realmente houver uma brecha, a preocupação é grande porque isso poderia abrir, perigosamente, questionamentos para outras terras indígenas já conquistadas, já demarcadas", disse Meira, após cerimônia indígena no Ministério da Justiça.

Segundo ele, os estudos feitos pela Funai, que posteriormente resultaram no decreto de homologação da área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, foram corretos e devem ser mantidos pelos ministros do STF.

"Para nós, qualquer mudança no estudo que foi feito e na homologação que foi feita, feriria o preceito constitucional. Queremos que o Supremo reconheça que o procedimento adotado foi integralmente correto, o que, aliás, foi interpretado dessa forma pelo ministro relator Carlos Ayres Britto", argumentou o presidente da Funai.




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