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Ciro quer ser opçao do PSDB descontente
Do Diário do Grande ABC
17/07/1999 | 20:34
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Um dos principais quadros do PSDB até 1997, quando rompeu com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, articula tornar-se uma opçao das forças do partido tucano que nao concordarem em manter aliança com o PFL ou que recusarem o candidato à sucessao de 2002 caso nao seja competitivo.

Ciro arma o chamado "plano B" de sua candidatura, com viagens pelo país e contatos com governadores, prefeitos, vereadores, empresários e universitários, visando ocupar o espaço aberto pela impossibilidade de Fernando Henrique disputar novo mandato.

"O plano B está em plena gestaçao", revelou o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). "Tudo passa pelos resultados da reforma política", adiantou o senador Carlos Wilson (PSDB-PE), que foi sondado para ingressar no PPS ou apoiar a candidatura do partido. Segundo o senador, Ciro tenta construir um palanque de centro-esquerda para viabilizar um programa alternativo ao governo Fernando Henrique, com as próprias forças ligadas à nova social-democracia.

Amigos - "Ciro é inconformado com a destruiçao do PSDB por causa do governo Fernando Henrique", apontou Carlos Wilson. "Hoje, o PSDB é um partido de paulistas. O governo Fernando Henrique nao é do PSDB mas de amigos filiados, que se acham desobrigados com o partido, e só se unem em momentos de crise", afirmou Carlos Wilson, que também vem mantendo contatos com o presidente de Honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, antes de se decidir.

Os governadores tucanos sao as peças mais importantes do "plano B". Ciro vem estimulando a participaçao do PPS em governos do PSDB. O partido já faz parte dos governos de Goiás, Ceará, Pará, Mato Grosso e negocia a entrada no governo paulista de Mário Covas. Em sua base eleitoral, continua inabalável sua aliança política com o governador Tasso Jereissati. "Os atuais governadores tucanos sao políticos de perfil social-democrata, que cabem como uma luva em um palanque de centro-esquerda para a sucessao de 2002", justificou Roberto Freire, lembrando que o PPS também faz parte de governos do PMDB, PT e PSB.

Velório - Na sexta-feira, Ciro interrompeu sua programaçao para ir ao velório do presidente de honra do PSDB, deputado Franco Montoro (SP). As vésperas de falecer, Montoro defendeu a continuidade da aliança do PSDB com o PFL. O tucano, segundo amigos, já estava preocupado com o crescimento da influência de Ciro sobre o partido e chegou a falar em sua volta ao PSDB.

Em Goiás, o governador Marconi Perillo, depois de um encontro com Ciro, reconheceu estar trabalhando para trazê-lo de volta ao PSDB. "Estou interessado na volta de Ciro pela sua inquietude política, mas nao quanto à candidatura presidencial", desconversou Perillo. Ciro ainda conta com a simpatia do prefeito de Goiânia, Nion Albernaz, que vem sendo convidado para ingressar no PPS.

No Paraná, o ex-deputado estadual Rubens Bueno, do PSDB, já foi sondado para ser o candidato do PPS ao governo do Estado. Em Tocantins, o ex-deputado Raul Filho era uma liderança expressiva do PSDB que já pulou para o PPS. Em Minas Gerais, quatro deputados estaduais podem ir para o PPS. Em Mato Grosso do Sul, três vereadores do PSDB aderiram ao ex-ministro. "Ciro está comendo pelas beiradas", avaliou André Puchinelli, prefeito de Campo Grande, do PMDB, que também foi procurado para conversas.

No Espírito Santo, o PPS faz parte da gestao de Rubens Veloso, do PSDB, na Prefeitura de Vitória, com bom relacionamento com o senador Paulo Hartung (PSDB-ES).




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