Personagem com muito senso de humor e vontade de sanar as curiosidades da vida, o adolescente Guilber tem todas as suas aventuras reunidas pela primeira vez. Criação do cartunista de Santo André Gilmar, o livro Guilber (Sesi SP Editora, 104 páginas, R$ 37,90, em média) apresenta ao público todas as tiras elaboradas com o protagonista.
Gilmar não é fã de personagens. Acha entediante e se sente engessado. Prefere produzir tiras quando tem liberdade de retratar figuras anônimas. “Isso me permite contar a história de qualquer um, a vizinha, o balconista da padaria, o carteiro”, diz o artista. Mas Guilber nasceu. Foi criado exclusivamente para o suplemento D+, do Diário, e ilustrou as páginas do jornal de 2009 a 2012. O personagem ganhou força e animou outros jornais, internet, e-book e também livros didáticos em que se usam tirinhas para interpretação de textos e linguagens.
Além do interesse da editora, a ideia de fazer o livro é parte do processo de como trabalha Gilmar. “Eu gosto de fazer isso para encerrar ciclo”, afirma. As tiras apresentadas trazem Guilber lidando com o universo adolescente e, muitas vezes, não querendo lidar com os dilemas dos adultos. De maneira leve e engraçada, ele lida com assuntos ‘espinhosos’. que esse livro tenha assuntos tão polêmicos, mas o humor, além da graça, provoca uma reflexão mais agradável”, diz Gilmar.
Segundo ele, isso tem de ser feito de forma que o leitor sinta “o tom da pincelada de maneira que aborte a agressividade gratuita e foque em um objetivo mais nobre.”
Entre os tantos assuntos vividos por Guilber está a dependência dos jovens com a internet. Fato que segue firme e forte entre os adolescentes. “Coisas como entrar em crise de existência porque o nome não aparece nas pesquisas do Google, relações virtuais sem contato físico, a importância no número de likes como se fosse algo de extrema necessidade para a existência do indivíduo, entre outros, foram assuntos recorrentes nas tiras”, explica.
Para Gilmar, neste livro a garotada poderá observar seu comportamento de forma crítica acompanhado de graça e leveza.
Mesmo não gostando de personagem fixo, Gilmar diz que rever essas histórias anos depois é motivo de risadas. Se Guilber nascesse hoje, Gilmar conta que alguns dilemas seriam incluídos. “Com a velocidade da informação, certamente muita coisa seria diferente. Daria para fazer uma edição só de questões ligadas ao Facebook. Aliás, esse é um desafio, manter as coisas vivas em um universo de informações que se renova a todo instante.”