Após um ano, pesadelo vivido por cegonheiros que atendem a Volkswagen está de volta: o risco de substituição da prestação de serviços de logística, hoje realizada por quatro companhias, a Brazul, Tegma, Transauto e Transzero, por uma única empresa, a JSL, do grupo Julio Simões. Esta, envolvida em grandes escândalos de superfaturamento, a exemplo do mais recente, deflagrado no fim do ano passado, envolvendo viaturas da PM (Polícia Militar) do Rio de Janeiro.
O drama da possibilidade de troca nos fornecedores, iniciado em meados do ano passado, pode gerar a demissão de 50 mil trabalhadores diretos e indiretos, sendo 5.000 no Grande ABC. Em 2015, a ameaça foi suspensa graças à paralisação que durou cinco dias e interditou rodovias, como a Via Anchieta, gerando transtornos à população. Entretanto, ao que parece, o risco foi apenas postergado, já que, segundo motoristas de caminhão-cegonha, a Volkswagen sinalizou que pretende alterar o responsável pela entrega dos carros. Procurada, a montadora não se manifestou.
Fato é que o grupo Julio Simões configura como réu, assim como o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, no processo que investiga irregularidades em dois contratos de aquisição e manutenção de viaturas da PM. Em um deles, do montante de R$ 85,2 milhões, R$ 28,4 milhões foram destinados para aquisição e R$ 56,7 milhões para manutenção do veículos. O Ministério Público, porém, avaliou que, pelo mesmo valor desembolsado na manutenção de cada unidade por 30 meses, daria para comprar dois carros zero-quilômetro, e ainda sobraria dinheiro.
No segundo contrato, a quantia subiu para R$ 107,6 milhões e, só para a manutenção, teriam sido destinados R$ 78 milhões – cada uma das 779 viaturas teria passado a custar R$ 3.300 mensais ao Estado do Rio de Janeiro.
Neste caso, foram citadas como réus as empresas do grupo CS Brasil Transporte de Passageiros e Serviços e a JSL S.A.
Em 2009, a JSL havia sido acusada de participar de outro escândalo envolvendo viaturas da PM, desta vez em terras baianas. Diretores da companhia foram denunciados pelo Ministério Público por crimes de fraude em licitações e corrupção ativa. Jaime Palaia Sica e William Ochiulini Laviola foram presos pela Operação Nêmesis, da Polícia Federal, junto com mais dez pessoas do alto escalão da PM local. Cada viatura policial superfaturada, segundo as investigações, custaria R$ 167 mil aos cofres públicos do Estado.
Enquanto isso, os cegonheiros da região estão em compasso de espera. As atividades estão parcialmente paralisadas, desde segunda-feira, atendendo apenas as entregas ao Porto de Santos, destinadas às exportações. Os motoristas estão no aguardo de posicionamento da Volkswagen.
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