Desvendando a economia Titulo Análise
Desemprego: análise da Pnad contínua
Por Silvia Okabayashi*
21/05/2016 | 07:20
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Nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, que traz informações permanentes sobre a inserção da população no mercado de trabalho associada a características demográficas e de Educação e serve, também, para estudo do desenvolvimento socioeconômico do País. A pesquisa é realizada trimestralmente, por meio de amostra de domicílios em todo o território nacional. Vamos a comparativo do cenário do Brasil e da Região Metropolitana de São Paulo:

1 – População x grau de instrução

Quando comparamos o primeiro trimestre de 2016 com igual período de 2012, é possível observar que na Região Metropolitana de São Paulo, onde o Grande ABC está inserido, há substancial aumento no número de pessoas com nível Superior completo. A alta de 40% no universo com grau Superior traduz incremento de cerca de 1 milhão de indivíduos com essa escolaridade.

2 – Pessoas desocupadas

O número de pessoas desocupadas (desempregadas) vem aumentando substancialmente nos últimos trimestres. Quando observamos que cerca de 11 milhões de pessoas no Brasil estão desocupadas, isso traduz crescimento de quase 46% quando comparamos os primeiros trimestres de 2016 e 2012, ou seja, quase 3,5 milhões de pessoas perderam sua ocupação principal.

Na Região Metropolitana de São Paulo, o crescimento foi de 608 mil desocupados. Isso representa aumento de 72% no número de desempregados. As mulheres foram as mais afetadas no total de desocupados na Grande São Paulo. O incremento no número de mulheres desocupadas foi de 326 mil e, de homens, 282 mil.

Tanto no Brasil como na Região Metropolitana de São Paulo, aqueles que têm nível Superior de escolaridade (incompleto ou completo) foram os mais afetados: houve alta de mais de 150% no número de desocupados.

3 – Pessoas ocupadas

O volume de pessoas ocupadas que trabalham por conta própria aumentou significativamente, tanto na Região Metropolitana como no Brasil, 13% e 14%, respectivamente, na comparação dos primeiros trimestres de 2016 e de 2012. Também é interessante apontar o aumento de 67% no número de empregadores na Grande São Paulo. Tais crescimentos podem significar abertura de negócios próprios como alternativa para o desemprego.

4 – Rendimento médio real

O rendimento médio real no Brasil, quando comparamos os primeiros três meses de 2016, agora, com 2015, apresentou queda de 3%. Na Região Metropolitana de São Paulo, a baixa foi de 2%. Quando analisado o rendimento, é importante destacar que foi deflacionado (retirado o efeito inflacionário) pelo IPCA, que é o índice de inflação oficial do Brasil, medido também pelo IBGE.

Os trabalhadores domésticos e os do setor público, ambos com carteira assinada, foram os mais afetados, em ambas as regiões de análise.

5 – Massa de rendimento real

A Região Metropolitana de São Paulo representa 18% do total da massa de rendimentos reais do Brasil. No total do Brasil, foram perdidos mais de R$ 7 bilhões em massa de rendimento e, na Grande São Paulo, R$ 560 milhões. Isso representa, respectivamente, -4% e -2% de possível consumo, quando comparamos os primeiros trimestres de 2016 e 2015.

Considerando o contexto econômico analisado e a instabilidade política instalada em nosso País, dificilmente teremos bons números na economia neste ano. O processo de retomada do crescimento econômico poderá levar tempo maior para se concretizar.


* Economista, professora e coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo 




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