Economia Titulo Poder de compra
A cada R$ 100 gastos no Brasil, apenas R$ 1,71 fica na região

Consumo diminui em R$ 0,04 neste ano; porém,
Grande ABC se mantém 5º maior polo do Brasil

Marina Teodoro
Especial para o Diário
21/05/2016 | 07:14
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Divulgação


O Grande ABC continua perdendo fatia no consumo nacional, como vem ocorrendo desde 2014. No ano passado, os gastos nas sete cidades representavam 1,75% do total desembolsado no País. Neste ano, porém, a perspectiva é a de que esse percentual caia para 1,71%. Isso significa que a cada R$ 100 consumidos em todo o Brasil, R$ 1,71 está na região. Ou seja, R$ 0,04 a menos do que em 2015.

Quando a comparação é feita com 2014, a situação fica ainda pior: há dois anos era gasto nas sete cidades 1,78% do consumo nacional, ou seja, R$ 0,07 a mais do que agora. Essas informações são de estudo realizado pela consultoria IPC Marketing.

Mesmo com desembolso menor, caso o Grande ABC fosse considerado um único município, permaneceria no quinto lugar na representação do ranking nacional, atrás somente de São Paulo (8,41% do total), Rio de Janeiro (4,26%), Brasília (1,95%) e Belo Horizonte (1,89%), respectivamente, que também se mantiveram nas mesmas posições.

Para se ter ideia, há 15 anos, a região ocupava o terceiro lugar da lista. Naquela época, o consumo local equivalia a 2,22% do total, ou seja, a cada R$ 100 gastos em território nacional, R$ 2,22 eram provenientes do Grande ABC, R$ 0,51 a mais do que hoje.

“A crise atingiu todo o País, mas a região ficou mais prejudicada devido à grande concentração de indústrias, em sua maioria do setor automobilístico, que vem perdendo força desde 2015”, justifica o coordenador do estudo, Marcos Pazzini. Com isso, os gastos em comércio e serviços diminuem, seja porque as pessoas foram demitidas ou porque estão com medo de perder o emprego.

Com as dificuldades na economia, a renda dos moradores das sete cidades acaba sendo ameaçada. Segundo a última PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Seade/Dieese, em março a taxa de desemprego estava em 16,7% da população economicamente ativa. Esse é o maior percentual para o mês desde 2005. O que significa que existem 230 mil desempregados na região.

Essa taxa também fica acima da média nacional que, de acordo com pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), encerrou o terceiro mês do ano em 10,9%.

CONSUMO - De acordo com a previsão do IPC Marketing, o Grande ABC vai movimentar, neste ano, R$ 66,9 bilhões. Embora o valor supere os R$ 65,2 bilhões de 2015, ainda representa queda real de 7,35% – descontada a inflação do período, que, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o ano passado em 10,67%.

Segundo Pazzini, há outros fatores que também são responsáveis pela perda de consumo das sete cidades. Um deles é a migração das indústrias para as regiões mais interioranas do Estado e do País, impulsionada pelo baixo custo de terrenos e mão de obra, além de isenções de impostos. Essa transição aumenta a qualidade de vida da população e também a renda, o que consequentemente alavanca o consumo em outras localidades – e reduz na região.

A mudança de comportamento dos moradores do Grande ABC também influencia na perda de potencial. “Muitos que residem na região trabalham em São Paulo, por isso acabaram desenvolvendo o hábito de consumir por lá.”

A Capital, por sua vez, aumentou sua fatia no consumo geral. A cidade representava, em 2015, 7,68% do total. E agora deverá ficar com 8,41% do montante nacional. Neste ano a previsão é a de que sejam deixados, em compras, R$ 327 bilhões em São Paulo, sendo a maior quantia do País em uma única cidade. Em todo o País, a projeção é de R$ 3,9 trilhões em consumo.


Cinco das sete cidades perdem posição no ranking

Entre as sete cidades da região, São Bernardo é a que possui maior potencial de consumo, ocupando a 18ª posição no ranking do País, com R$ 19,1 bilhões a serem gastos na cidade em 2016. Logo em seguida está Santo André, em 19ª lugar, com previsão de desembolsos de R$ 19 bilhões. Porém, em um ano ambas perderam colocações, quando estavam em 15ª e 18ª, respectivamente.

Também recuaram São Caetano, com R$ 5,5 bilhões de consumo (de 97ª para 104ª), Ribeirão Pires, com R$ 2,5 bilhões (220ª para 230ª) e Rio Grande da Serra, com R$ 87 milhões (586ª para 601ª).

Apenas Mauá (R$ 10,7 bilhões) e Diadema (R$ 9 bilhões) conseguiram ter desempenho melhor do que em 2015. Mauá galgou de 51ª para 48ª lugar e, Diadema, de 56ª para 55ª.

CATEGORIAS - Considerando uma população de 2,73 milhões de habitantes, que consome em média R$ 24.484,84 per capita, por ano, dos R$ 66,9 previstos para serem deixados no comércio do Grande ABC neste ano, os ramos de atividade que mais movimentarão a economia da região estão relacionados ao lar do consumidor.

O segmento de manutenção do lar ficará em primeiro lugar, com R$ 18,3 bilhões dos gastos. Em seguida, o setor de outras despesas deverá arrecadar R$ 13,22 bilhões. Alimentação no domicílio deve ocupar o terceiro lugar, já que se tratam de produtos indispensáveis para a população, com total previsto de R$ 6,9 bilhões consumidos. E, fora de casa, virá na sequência, com R$ 4,1 bilhões. 




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