A base governista do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), escancarou ontem descontentamento com o trabalho de interlocução da gestão petista e deu indícios de que pode enfraquecer ainda mais a governabilidade de Marinho no Legislativo a pouco mais de sete meses do término de seu mandato no Paço. Os parlamentares reclamam de falta de diálogo do governo petista, apontando frustração com a condução de José Albino (secretário de Governo) e José Ferreira (líder de governo na Câmara) na condução de demandas ao Paço.

Na semana passada, o bloco já havia exposto sua contrariedade ao travar todos os projetos da ordem do dia, que incluía propostas de Marinho. O mais importante deles é o texto que autoriza a Prefeitura a terceirizar a cobrança da dívida ativa, cujo objetivo é tentar antecipar recebimento da dívida, atualmente estimada em R$ 3,4 bilhões. Marinho pediu urgência na aprovação da proposta, mas não obteve sucesso frente à base.

Hoje, a partir 10h, no Paço, a gestão petista reunirá 13 vereadores – ala é oficialmente formada por 19 dos 28 parlamentares –, a fim de conseguir o crivo do texto para a aprovação na sessão de amanhã. O encontro será comandado por Zé Albino e terá a presença de técnicos do governo para explicar importância do projeto.

Ao Diário, um dos vereadores da ala, que não quis se identificar, afirmou ver como improvável a votação da proposta amanhã. Destacou não se tratar de “retaliação”, porém alegando que é tema complexo. “Existem muitas dúvidas. Não dá simplesmente para se colocar para votar sem ampla discussão”, comentou. Contudo, garantiu que a atual relação com a gestão petista “está ruim”.

Extraoficialmente, a bancada do PT, formada por oito vereadores, também tem reclamado do diálogo com o núcleo duro do Executivo. Na semana retrasada, cobraram diretamente Marinho durante reunião. Os parlamentares pediram ao chefe do Executivo mais informações sobre planos e estratégias para a campanha do pré-candidato a prefeito da legenda, o secretário de Serviços Urbanos e Coordenação Governamental, Tarcisio Secoli (PT). Marinho, porém, não deu garantias de que irá melhorar relação e ainda cobrou mais empenho dos parlamentares nos trabalhos do Legislativo.

Neste mês, a pré-campanha de Tarcisio já registrou alguns problemas internos, que, segundo apuração do Diário, se deram após interferência da primeira-dama e secretária de Planejamento e Orçamento Participativo, Nilza de Oliveira (PT), que havia se colocado para gerenciar verba da campanha eleitoral do petismo.