Pela segunda vez no ano, o valor da cesta básica formada por 34 produtos de primeira necessidade na região registra queda no preço. No mês passado, o consumidor gastou R$ 1,62 a menos que em janeiro para fazer as compras, totalizando R$ 356,35. Em relação a dezembro, a economia foi de R$ 9,73.
Segundo dados da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), arroz, feijão, farinha de trigo, carne bovina de primeira, banana e cebola contribuíram para a queda no valor da cesta. Em movimento contrário estiveram hortifrútis, carne bovina de segunda e café.
Fazer uma salada custou mais do que o normal. Isso porque o preço do quilo do tomate saltou 43,58%, sendo vendido por R$ 3,77, enquanto que em janeiro era encontrado por R$ 2,62. O pé de alface ficou 10,88% mais caro, variando de R$ 1,59 para R$ 1,77.
Para o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, a elevação nos preços dos hortifrútis é reflexo das chuvas que acometeram as regiões produtivas no mês. A laranja subiu 9,38% em fevereiro, com o quilo custando em média R$ 2,41.
"É de se esperar que o preço desses itens fique mais caros nesta época do ano. A laranja está no período de entressafra e, no outono, os preços tendem a se estabilizar." Benedetto avalia que, como o preço da carne de primeira está alto, a maior procura pelos cortes de segunda é responsável pela alta nos preços.
MAIS BARATOS - Alimentos básicos nas refeições dos brasileiros, o arroz e o feijão destacam-se neste início de ano pelo recuo nos preços. Somente o feijão, cujo preço bateu à casa dos R$ 4,18 na primeira semana de outubro, recuou 7,26% em fevereiro, sendo encontrado nas prateleiras por R$ 2,21.
O engenheiro agrônomo explica que se o preço desse grão ficar inferior a R$ 2, poderá ocorrer inflação do item no inverno, pois os produtores diminuem a quantidade de feijão plantado, devido ao baixo valor pago pelos compradores.
No caso do arroz, a explicação para os preços mais apetitosos são os estoques elevados do cereal. Como a nova safra está para ser colhida, os produtores querem desovar o que está nos armazéns. O pacote de cinco quilos ficou 2,36% mais barato em fevereiro, sendo vendido a R$ 6,78.
Em 2010, o valor do alimento chegou ao ápice na última semana de fevereiro, quando custou R$ 8,54. "Essa é uma commodity que não causará preocupação aos consumidores, ao contrário da carne", diz.
No grupo dos hortifrútis, os itens que ficaram mais em conta foram a banana nanica (-16,15%), a cebola (-13,92%), a batata (-3,53%) e os ovos brancos (-2,68%). A fruta encabeça a lista com preços que foram de R$ 1,82 para R$ 1,52, em média.
AÇÚCAR - Benedetto observa que o preço do açúcar está alto, próximo do feijão, que é um produto importante. O quilo encerrou o mês vendido a R$ 2,03, preço apenas R$ 0,49 menor do que em janeiro.
Valor dos produtos recua em nove capitais, aponta Dieese
Em nove das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor da cesta básica recuou no mês passado. A Capital segue com a mais cara do País, mas apresentou retração de 0,3% nos preços. Os alimentos básicos eram vendidos por R$ 261,18 - essa cesta é composta por 13 itens, enquanto a da região, por 34 produtos.
Considerando que o salário-mínimo deveria suprir as despesas do trabalhador com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, a entidade calcula que o rendimento do paulistano deveria ser de, no mínimo, R$ 2.194,18.
Nas demais localidades pesquisadas, as quedas mais expressivas foram verificadas em Brasília e Florianópolis, com reduções de 2,02% e 2,07%, respectivamente.
Para os gaúchos, o custo de vida também não é baixo. Em Porto Alegre, o preço da cesta básica teve alta de 0,71%, para R$ 256,51. Esse valor deixou a capital do Rio Grande do Sul como a segunda mais cara do País.
Registraram avanço nos preços da pesquisa mensal da cesta básica do Dieese em fevereiro as cidades de Aracaju (4,32%), Curitiba (3,36%) e Recife (3,20%).
ACUMULADO - Considerando os últimos 12 meses, todas as capitais pesquisadas tiveram elevação nos preços da cesta. Somente três cidades ficaram com variação menor que 10%. Os destaques são Salvador, com alta de 6,15%, Porto Alegre, de 7,57% e Vitória, onde a cesta básica teve um aumento de 9,60%.
Para comprar itens essenciais, o trabalhador que ganha salário-mínimo precisou cumprir, em fevereiro, na média das 17 capitais, jornada de 95 horas e nove minutos.
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