Deverão ficar com aliados do governo os postos de comando da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para apurar denúncias de corrupção nos Correios. O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), será provavelmente o presidente da CPI e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) deverá atuar como relator do processo. Isso porque são mínimas as chances de um acordo entre governo e oposição a respeito dos dois cargos e a escolha tem tudo para ser decidida no voto, em reunião marcada para terça-feira. O governo conta com maioria na comissão, com 19 dos 32 integrantes.
"Acho muito difícil se chegar a um consenso", disse nesta sexta o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN). As dificuldades para fechar um acordo são grandes porque nenhum dos lados está disposto a ceder. Os aliados não aceitam o nome do senador César Borges (PFL-BA), proposto pelos partidos de oposição (PFL e PSDB) para ocupar a presidência ou a relatoria da CPI. Os oposicionistas garantem que não cogitam em apresentar outro nome em substituição ao de Borges.
"O nome do senador César Borges foi aprovado por unanimidade entre os PSDB, o PFL e o PDT. A substituição pode cheirar a conchavo, a um acerto subalterno e a desprestígio do companheiro", afirmou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu que governo e oposição cheguem a um acordo até terça-feira, antes da reunião da CPI dos Correios. "Sem acordo e sem entendimento não há outro caminho senão o voto. Muitas vezes, o voto não é a melhor saída, sobretudo numa hora dessas, quando é importante somar esforços para esclarecer, para investigar", disse Calheiros. Ele voltou a dizer que é contra a restringir as investigações da CPI às denúncias de corrupção nos Correios.
Nos bastidores, os governistas alegam que a escolha de César Borges para um posto-chave da CPI representaria entregar nas mãos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), a quem o pefelista baiano é ligado, o controle da Comissão. Daí a decisão de não aceitar a indicação de Borges. "Não queremos que o indicado da oposição possa representar um descompasso com a responsabilidade que o momento exige. Queremos alguém que aja com imparcialidade", afirmou o senador Tião Viana (PT-AC). O nome proposto pelos líderes da base foi o do senador Edison Lobão (PFL-MA), que é aliado do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Mas a oposição não concordou com a sugestão. "A estratégia do governo é a de manipulação para controlar a CPI", observou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Os aliados argumentam ainda que o PMDB é o maior partido no Senado e o PT na Câmara e, por isso, cabe às duas legendas ocupar a relatoria e a presidência da CPI dos Correios. Para sustentar a tese, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), fez um levantamento mostrando que nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso os postos-chave das CPIs mistas (Câmara e Senado) sempre foram ocupados por representantes das maiores bancadas.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.