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Terminal da Vl.Luzita acumula problemas
Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
02/05/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Responsável por atender uma das maiores áreas populacionais de Santo André, o Terminal da Vila Luzita se tornou alvo constante de reclamações de seus usuários. Inaugurado em setembro de 2001, o local, que é administrado pela concessionária Expresso Guarará, tem como principais problemas a superlotação e longo tempo de espera dos coletivos.

A equipe do Diário esteve no terminal na sexta-feira em dois horários, às 13h e às 17h. Embora o local, de maneira geral, esteja bem conservado, usuários relatam série de problemas com o sistema de ônibus.

A insatisfação de passageiros com o intervalo entre um veículo e outro é unânime. A situação enfrentada por Israel Betraro, 50 anos, evidencia o problema. Morador do Jardim Santo André, o coletor precisa todos os dias sair com duas horas de antecedência de sua casa para não se atrasar para o trabalho. “Eu pego o AL-127 (Cidade São Jorge) para ir ao serviço, porém, só tem um carro na linha e ele só passa a cada uma hora. Hoje mesmo perdi o que vem às 12h45 e agora vou ter que esperar até as 14h, quando ele vai voltar.”

A Prefeitura de Santo André confirmou a situação, alegando que a programação de partidas e chegadas é feita com base na demanda de passageiros e que das 5h às 7h e das 16h10 às 18h40, a linha diminui seu intervalo para cada 30 minutos.

Na linha AL-125 (CDHU), a superlotação é o principal alvo de reclamação dos usuários. Responsável por atender todas as unidades habitacionais do Jardim Santo André, a linha não consegue suprir a alta demanda de passageiros. “Além de serem antigos, os ônibus saem diariamente lotados. O pior de tudo é que sabem que quase todos os moradores de lá usam ônibus por ser carentes”, relata a cozinheira Maria Elena Souza, 50.

A passagem em nível de uma plataforma para a outra é outro ponto negativo destacado pelos usuários. Sem funcionários para preservar a segurança do local, o acesso exclusivo para idosos e deficientes é utilizado por todos os passageiros. “Os túneis (que fazem as transferências entre plataformas) são perigosos e, quando chove, alagam, por isso passo por aqui”, diz a vendedora Mayara Dutra Bittencourt, 23.

De acordo com a Prefeitura de Santo André, ao todo 15 linhas operam no Terminal da Vila Luzita, sendo três troncais (fazem Terminal Vila Luzita ao Terminal Oeste) que possuem programação entre cinco e 15 minutos, dependendo do horário. As outras 12 linhas alimentadoras partem do Terminal Vila Luzita para os bairros e possuem programação de sete a 70 minutos, variando com o horário e a demanda de passageiros.

Expresso Guarará tem falhas administrativas

Responsável pela administração do Terminal da Vila Luzita desde a sua inauguração, em 2001, a Expresso Guarará, uma das operadoras do transporte público de Santo André, chegou a ser multada pela Prefeitura em R$ 17,8 mil pelo descumprimento de oferta de ônibus durante o período em que 14 coletivos foram apreendidos por falta de pagamento, em outubro de 2015.

Os veículos foram recolhidos pela Caruana Financiadora, empresa que financiou os carros à Expresso Guarará. Os coletivos só foram devolvidos uma semana depois do ocorrido, justamente quando Claudinei Brogliato, sócio-administrador da Suzantur, assumiu provisoriamente a gestão da Guarará. A Suzantur detém a concessão exclusiva do transporte em Mauá e Brogliato virou procurador da empresa na cidade andreense.

De acordo com informações da Prefeitura, 12 processos administrativos foram registrados contra a Expresso Guarará no período da apreensão dos ônibus por falta de coletivos em número suficiente para atender a população – o que resultou em descumprimento contratual.

A Expresso Guarará possui dívida consolidada de R$ 15 milhões com a SATrans (empresa pública que gere o sistema municipal), valor que pode aumentar por causa de processos administrativos em trâmite na Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos.

A empresa administra atualmente 17 linhas, principalmente na região da Vila Luzita. A companhia possui 100 veículos, sendo que 78 operam em Santo André e o restante faz trajeto intermunicipal.

A Expresso Guarará foi fundada em 1999 por Sebastião Passarelli (morto em outubro de 2014). Hoje é administrada por Silvio Passarelli, filho de Sebastião. Até o ano passado, tinha Claudinei Brogliato como gestor legal.

Recentemente, a empresa viu greve de seus funcionários – são 600 no total – por atraso nos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e no pagamento do vale-refeição, além de demissões de colaboradores que possuíam estabilidade. A família Passarelli também detém a Viação São José de Transportes. 




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