Um inquérito policial vai apurar as causas da explosão do sobrado da rua Ida Bertolo Chiavegatto, no bairro Assunção, em São Bernardo. Entre as dúvidas estão o local exato em que houve o vazamento do gás e de onde veio a fagulha que desencadeou a explosão. As perguntas devem ser respondidas no relatório que está sendo elaborado pelos técnicos da perícia técnica, que estiveram no local da explosão na manhã de ontem. O documento deve ficar pronto em 30 dias.
Se constatada responsabilidade na explosão, o culpado está sujeito a pegar de três meses a um ano de prisão, por crime contra a incolumidade pública. A casa não era abastecida por rede de gás encanado. Além do gás de cozinha, o sobrado também possuía, segundo o Corpo de Bombeiros, botijões de 45 quilos (de maior capacidade que os tradicionais) à base de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), que eram utilizados no sistema de aquecimento da residência.
Apesar da força do abalo da explosão, os botijões ficaram intactos, o que pode ser um indicativo de que a explosão tenha ocorrido no sistema de distribuição de gás ou nos aparelhos que eram abastecidos por ele. De acordo com o professor Luiz Carlos Bertevello, coordenador do curso de Engenharia Química da FEI, dependendo da pressão de vazão dos botijões, cerca de 30 minutos seriam suficientes para acumular gás suficiente para a explosão.
Como o GLP é mais pesado que o ar, o gás tende a se concentrar no chão de ambientes onde não há pouca ventilação. “Nesse caso, o gás funciona como o explosivo e o ar, como comburente. Sozinhos, esses dois elementos não são suficientes para a explosão. Tem de haver a ignição, a energia de ativação causada por uma faísca ou fagulha. Pode ser um isqueiro ou um curto-circuito no sistema elétrico”, afirma Bertevello.
Iniciado, o processo é autosustentável. A fagulha queima rapidamente o gás, que se espande e provoca um forte deslocamento de ar. É essa pressão, aliada ao gás em chamas, que torna a explosão nociva. Segundo o coordenador do curso de engenharia química da FEI, dificilmente o vazamento foi iniciado no bujão. “A tecnologia utilizada hoje nesses recipientes é de ponta, com mecanismos que esvaziam o cilindro quando ele é submetido a pressão excessiva.”
Para Bertevello, o mais provável é que o vazamento tenha ocorrido em alguma das conexões entre os botijões e os equipamentos que recebiam o gás. “Isso é o que ocorre com mais freqüência”, afirma .
Segundo o 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros, responsável pelas sete cidades do Grande ABC, em 2005 foram registrados quatro ocorrências envolvendo gás de cozinha na região. O saldo das explosões foi de uma pessoa morta e outras duas feridas.
Além do GLP, que causou a explosão do sobrado do bairro Assunção na manhã de ontem, também é bastante utilizado nas residências o gás natural, que chega por meio de redes de encanamento conectadas pela rua. Segundo Bertevello, os dois gases têm graus semelhantes de explosividade. A diferença entre eles está na composição química. A diferença é que o gás natural é mais leve que o ar e flutua em caso de vazamento.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.