Não havia lugar mais apropriado para que Fabiana Murer mostrasse pela primeira vez em solo brasileiro a medalha de ouro conquistada no Campeonato Mundial de Atletismo, em agosto, na Coréia do Sul. Ontem, ela expôs o objeto na Bolsa de Valores de São Paulo, centro financeiro do País, e teve lucro imediato, duplicando em segundos o patrimônio. Saiu de lá com um quilo de ouro puro (avaliado em R$ 100 mil), presente da BM&FBovespa/São Caetano, sua equipe.

A primeira medalha de ouro do Brasil em mundiais de atletismo rendeu mais do que dinheiro à saltadora. Fabiana entrou para a história e vê o reflexo nas ruas. "As pessoas me param, pedem autógrafos, dizem que se emocionaram com a conquista. Isso me enche de orgulho", conta a atleta, que mostra humildade. "Estou vivendo grande momento, mas o Brasil tem outros ídolos como a Daiane dos Santos (ginástica artística) e a Maurren (Maggi, do salto em distância)", completa.

O que está bom tende a melhorar. Fabiana aguarda ansiosa o término das obras de reforma da CRE Vila São José, em São Caetano, onde treina quando está no Brasil. "Teremos pista coberta, que é fundamental para treinarmos em dias chuvosos e com vento. Além disso, teremos a infraestrutura disponível nos melhores centros do mundo. Isso irá melhorar meu desempenho", comemora.

A previsão é de que o local esteja pronto até o fim do ano. "Esse é nosso trunfo para manter a Fabiana Murer treinando em nossa cidade e se tornando espelho para os jovens. Creio que na primeira semana de dezembro entregaremos o local pronto", confirma o secretário de Esportes e Turismo de São Caetano, Gilberto Costa.

CONTINUIDADE

Sem tempo para descansar, Fabiana inicia na próxima semana treinos visando à disputa do Pan-Americano de Guadalajara, em outubro, no México. Para participar da competição, a saltadora abdicou da disputa do Mundial em Pista Coberta, previsto para março, na Turquia. A brasileira é atual campeã da competição.

"Não tem jeito. Tive de escolher e preferi disputar o Pan-Americano. Depois tiro um mês de férias e passo a pensar apenas na Olimpíada de Londres, em 2012", comenta. "Sei que tenho boas chances de conseguir uma medalha, mas o salto com vara é imprevisível", completa.

Se o futuro é incerto, o presente é empolgante. Aproveitando que estava na Bolsa de Valores a saltadora brincou com a situação. "Sei que minha cotação hoje é alta e espero que continue assim por muito tempo, subindo cada vez mais", comentou, prevendo que possa superar ainda neste ano a marca de 4,85 m que lhe rendeu o título mundial.

Patrocinador lança projeto voltado à categoria de base

Na onda do sucesso de Fabiana Murer, a BM&FBovespa lança projeto voltado para categoria de base. O Clubinho, como foi intitulado, terá como padrinho o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze na Olimpíada de Atenas (2004) e beneficiará 80 crianças com idades entre 6 e 11 anos. O projeto ficará no bairro de Paraisópolis, em São Paulo.

Além de proporcionar a inicilização das crianças no esporte, prevê desenvolvimento de polos de formação espalhados pelo Brasil para jovens com idade entre 12 e 18 anos. Por enquanto, três cidades foram beneficiadas: São Caetano, Campinas e São José do Rio Preto, que recebem aporte financeiro da BM&FBovespa para melhorar a infraestrutura.

"Por enquanto temos 30 alunos inscritos em cada polo, mas pretendemos aumentar esse número. A intenção também é ter pelo menos mais três polos no próximo ano", comenta o coordenador do projeto, Ricardo D'Angelo. "Vamos investir R$ 110 mil por ano no Clubinho e R$ 450 mil anuais nos polos de formação."