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Lançado há 3 anos, Drenar vai de promissor à dúvida

Anunciado por Marinho para minimizar enchentes,
projeto está em ritmo lento e sem prazo de entrega

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
13/03/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Lançado há exatos três anos pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), o Projeto Drenar, que visa minimizar os impactos de enchentes no município, deixou o status de promissor e hoje está em xeque após estagnar os serviços e ficar sem prazo de conclusão. Orçado em R$ 636 milhões com recursos do governo federal, o plano foi arquitetado como a principal vitrine do secretário Tarcisio Secoli (PT, Serviços Urbanos e de Coordenação Governamental), indicado por Marinho para disputar a Prefeitura em outubro.

A obra envolve canalização de córregos na bacia hidrográfica do Ribeirão dos Meninos e construção de piscinões, como o do Paço, que expõe maior morosidade dentre as intervenções. Inicialmente, o governo Marinho garantia a entrega das intervenções em junho, mas prorrogou o prazo depois de série de problemas, como demissões de operários causados por atrasos em repasses de verbas da União.

Na época do lançamento, em 2013, Marinho despendeu investimento na ordem de R$ 57,9 milhões para propaganda do Drenar. O ator global Henri Castelli foi contratado para estrelar a campanha publicitária, que enalteceu o programa em horário nobre na televisão.

No Piscinão do Paço, que reúne o maior valor das intervenções – R$ 295 milhões –, os impasses começaram a ser expostos após a OAS – que executa os serviços ao lado da Serveng –, se tornar alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura esquema de corrupção na Petrobras. Com dívidas de aproximadamente R$ 7,7 bilhões, a empreiteira solicitou recuperação judicial no ano passado.

Em 2015, a empreiteira demitiu cerca de 200 funcionários por problemas financeiros. O presidente do Sintracon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Admilson Lúcio Oliveira, detalhou que a execução dos serviços estava sendo realizada com efetivo bem abaixo do necessário. “Avaliamos que o normal do andamento (da obra) seria com 600 operadores, mas hoje o número é de cerca de 250”, discorreu, à época.

Em meio ao imbróglio com operacional e falta de recursos, a gestão Marinho gastou R$ 6,3 milhões em estudos de solo, mas não detectou imensa rocha abaixo do terreno – verificada somente depois com a perfuração – que travou a sequência dos serviços.

REPERCUSSÃO
A bancada de oposição na Câmara contestou duramente o governo petista na condução do caso. Um dos líderes da ala, Julinho Fuzari (PPS) teceu críticas ao valores gastos com propaganda. “Foi completo absurdo e agora os serviços não andam justamente por falta de dinheiro”, pontuou o oposicionista, que denunciou os entraves, entre eles o do desembolso com laudo de estudo do solo.

Endossando as críticas, Pery Cartola (SD) condenou o viés político do Drenar, em eventual benefício eleitoral a Tarcisio. “Tornou-se o elefante branco. Foi feito como trampolim, mas naufragou. Assim como esse secretário (Tarcisio), que tenta ser candidato e não é conhecido”. Juarez Tudo Azul (PSDB) reclamou da falta de transparência. “O governo não informa quanto já recebeu e não detalha o cronograma. Espero que respondam o meu questionamento para tentar saber de que forma isso será resolvido”, criticou o tucano.

Procurado pelo Diário, o governo Marinho não se manifestou sobre o assunto.  




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