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Tempo seco dispara em até 40% procura por consulta
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
25/08/2010 | 07:02
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O tempo seco e a baixa umidade do ar fizeram aumentar em até 40% o número de atendimentos nas unidades de Saúde da rede pública do Grande ABC.

A umidade relativa do ar ficou em torno de 20% ontem na Grande São Paulo. Segundo a OMS (Organização Mundial), o índice entre 20% e 30% indica estado de atenção.

Dos cinco municípios da região avaliados pela Cetesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), apenas Mauá registrou qualidade do ar inadequada pelo segundo dia consecutivo pelas altas concentrações de partículas inaláveis (poeira).

"Quando a umidade do ar está abaixo de 20%, há aumento da procura por atendimento. Irritação na garganta e olhos, mal estar, boca e nariz seco e falta de ar são as principais queixas que acometem mais crianças, idosos e quem possui doenças pulmonares crônicas", explica o professor de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss.

PROCURA
Sãos Caetano foi a cidade que registrou maior aumento na procura, cerca de 40%. Nas demais cidades o aumento foi de 30% nos atendimentos e inalações.

Segundo o pneumologista e diretor técnico do Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini, em Mauá, Reginaldo Amaral Batista, o número de inalações dobrou. "Na segunda-feira foram realizados 44 inalações em crianças de 0 a 12 anos, 21 entre 13 e 59 anos e 11 acima dos 60 anos."

O professor Vagner Pereira, de Mauá, observa os alunos ficam mais agitados na na escola. "Temos deixado que eles saiam mais da sala de aula para beber água. As janelas e portas permanecem abertas o tempo todo para arejar o ambiente."

O Diário esteve no PA (Prontoatendimento) Central de Santo André na tarde de ontem e constatou o grande número de pacientes.

"Mesmo ingerindo líquido e colocando toalha úmida na janela, precisei fazer inalação. O tempo fica seco e já começo me sentir mal, faltar de ar e tosse", conta a ajudante geral Josiane Ribeiro do Vale, 31.

O aposentado de Santo André José Varandas, 74, atribui a tosse seca às condições climáticas. "Faz quatro dias que comecei a me sentir assim e hoje tive de fazer inalação para melhorar".

A cabeleireira Rosangela Spinossi Ribeiro, 43, percebeu que o o filho Denis Spinossi dos Santos, 9, passou a reclamar de cansaço na segunda-feira à noite. "Como não acordou melhor, resolvi trazer no médico. Ele sofre de bronquite alérgica".

As Prefeituras informaram que os funcionários da área de Saúde orientam os moradores sobre cuidados para minimizar os efeitos do clima, como ingerir bastante líquido, colocar recipientes com água ou toalhas úmidas nas residências.

lém de pronto-socorros lotados, o tempo seco trouxe outra consequência para a região: os focos de incêndio. Ontem, foram registrados 23.


Umidade é baixa até domingo; segunda chove
Segundo meteorologistas o índice de umidade do ar deverá permanecer baixo até domingo. "Entre 14h e 17h o índice deve permanecer entre 15% a 20%. Isso é resultado do ar seco na região Sudeste que impede a formação de nuvens e dificulta a chegada da frente fria", explicou o meteorologista Marcelo Pinheiro do Climatempo.

Segundo Marcelo, as temperaturas devem variar entre 12ºC a 29º C até domingo na região.

Entre segunda e terça-feira uma frente fria passará por São Paulo provocando aumento de nuvens e com a possibilidade de chuva fraca. "Irá amenizar o tempo seco e quente e a qualidade do ar melhora por conta do vento e da chuva que irá remover os poluentes."

O Diário acompanhou ontem a qualidade nas estações monitoradas pela Cetesb (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) (veja quadro ao lado).
De acordo com Marcelo Schneider do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) a qualidade do ar está sendo prejudicada pela mudança do vento.

"O vento está vindo do interior e está trazendo a poluição das queimadas. Com a junção da poluição da cidade acaba prejudicando ainda mais". A poluição é consequência do tempo seco, falta de chuva e vento, e das áreas indústrias que emitem mais poluentes.

Segundo Schneider não chove expressivamente desde o dia 16 de julho no Estado de São Paulo. "O que deve acontecer é que quando há uma semana muito seca a outra é úmida". A primavera que se inicia em setembro deve ter pouca chuva e temperatura acima da média. "A chuva regulariza a partir de outubro, à medida que se aproxima o verão", conclui Pinheiro. BG




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