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ABC: abismo entre renda e bem-estar
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
21/06/2003 | 18:42
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O assalto em Santo André que resultou na morte de um dos seguranças do filho do presidente da República chamou mais uma vez a atenção de todo o país para a falta de segurança pública – um entre vários indicadores sociais que afligem a região metropolitana. A cidade é um caso típico: ocupa lugar privilegiado na lista das mais ricas do Estado, mas ao mesmo tempo está presente entre aquelas onde o índice de exclusão social é mais preocupante.

O professor Antônio Joaquim Andrietta, do Imes (Centro Universitário Municipal de São Caetano), acaba de concluir um estudo que ilustra com números o paradoxo vivido pelos grandes municípios. Intitulado A distrofia do desenvolvimento paulista, o trabalho cruza informações do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) com dados do IES (Índice de Exclusão Social) para chegar ao IDLI (Índice de Desenvolvimento Local Integrado).

Uma profusão de siglas e de cálculos intrincados revela o que o cidadão comum já sabe, mas que precisa ser dito com argumentos científicos: há um fosso cada vez maior entre a produção e a distribuição da riqueza, principalmente nas grandes concentrações urbanas.

Andrietta pegou indicadores de expectativa de vida, educação e de segurança pública para chegar ao Índice de Desenvolvimento Local Social de cada município. Para saber o Índice de Desenvolvimento Econômico Local, o professor comparou indicadores de renda do IDH com o de desigualdade de renda do IES.

Os dois indicadores obtidos (social local e econômico local) foram utilizados para classificar os municípios quanto ao seu desenvolvimento integrado. “Se a classificação geral pode causar estranheza em alguns casos, a aderência estatística da distribuição dos municípios é consistente: são me-lhor classificados aqueles com maiores índices dos componentes sociais e econômicos e com maior aproximação entre eles – isto é – com menor desintegração.”

Os números do Grande ABC revelam uma situação “entristecedora”, de acordo com Andrietta. Santo André, por exemplo, ocupa a 13ª posição no ranking dos mais ricos, mas ao mesmo tempo está a 375 vagas distante do primeiro lugar no ranking social. No ranking de integração econômico-social, portanto, a cidade está em 148º lugar – atrás da pequena e desconhecida Itirapina.

O caso mais grave é o de Diadema. Na comparação com os 645 municípios paulistas, a cidade ocupa o lugar 201 na fila dos que detém a maior renda, mas isso não impede que fique em último lugar no ranking social, principalmente por causa da falta de segurança. Para compensar essa situação, São Caetano aparece em primeiro lugar junto com Águas de São Pedro. Isso porque é um município pequeno e com baixa população.




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