A empresa argentina Vitopel, com unidade industrial no pólo petroquímico de Mauá, anunciou a compra da brasileira Votocel, pertencente à EBFF (Empresa Brasileira de Filmes Flexíveis), do Grupo Votorantim. Com a aquisição, os argentinos Vitopel desembolsam US$ 120 milhões e se torna a quinta maior fabricante do mundo de BOPP (filme de polipropileno biorientado). O produto está presente, por exemplo, em embalagens de biscoitos, bombons e rótulos de refrigerantes.

A transferência efetiva do controle da Votocel para a Vitopel está marcada para o dia 1º de agosto. Até lá, as empresas não se pronunciarão sobre o negócio. Em comunicado unificado, a Votorantim informa apenas que a venda integra a estratégia de revisão do portfólio de produtos e de serviços do grupo.

Segundo o presidente do Siresp (Sindicato das Indústrias de Resinas do Estado de São Paulo), José Ricardo Coelho, a fusão forma uma gigante no ramo de BOPP. “Como as fábricas são bem equipadas, modernas e têm presença nas exportações, a Vitopel vai dar um salto em competitividade”, diz. Coelho ressalta que a empresa ganha força para disputar mercado com grandes companhias italianas, chinesas e norte-americanas.

Para Coelho, o Grande ABC se beneficiará com a expansão da Vitopel. “A transação é importante porque a região passa a ter uma empresa forte. Como o mercado tem potencial, investimentos podem surgir e a Vitopel pode atrair empresas satélites para Mauá”, arrisca.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Mauá, Marcos Soares, também recebe positivamente a notícia da fusão, embora não existam rumores prevendo novos investimentos na planta de Mauá. “O negócio vai fortalecer uma empresa da cidade, que passa a crescer aqui”, comemora.

Soares conta que a Vitopel injetou US$ 40 milhões, em 2002, na unidade da região para a implantação da quinta linha de produção. “O investimento ainda está amadurecendo e, certamente, vai se refletir em aumento de produção, faturamento e arrecadação para o município.” Atualmente, a unidade tem capacidade de produção de 36,5 mil toneladas de BOPP. No ano passado, a Vitopel exportou 18 mil toneladas do produto ante 5 mil toneladas em 2000.

O diretor comercial da Polibrasil Resinas, Carlos Belli, diz que o crescimento da Vitopel poderá estimular a qualidade e a capacidade produtiva de BOPP. A Polibrasil, que também tem unidade instalada em Mauá, fornece atualmente 100% da matéria-prima de BOPP da empresa argentina no Brasil e 60% para a Votocel.

Em Mauá, a fábrica argentina está localizada ao lado da PoliBrasil e a resina para a produção de BOPP é conduzida por tubos. “Temos estrutura logística favorável e isso pode potencializar, em médio e longo prazos, maior volume de produção por sermos vizinhos da planta do Grande ABC. A logística implica custos”, explica Belli. A unidade fabril da Votocel está instalada no município de Votorantim, na região de Sorocaba.