A andreense Sonia Villasboas-Craen foi eleita prefeita da cidade norte-americana Oakhurst, no centro da Califórnia, com 75% dos votos. A diferença com a realidade brasileira é que o mandato é de apenas um ano (encerrado em julho passado) e Sonia não recebeu nada para exercer o cargo. Numa decisão da Câmara de Comércio da cidade (uma espécie de Câmara Municipal), o prefeito e os conselheiros (vereadores) não têm salário para exercer a função. Apenas o posto similar ao de gerente da cidade recebe pelo que faz.

Sonia foi para os Estados Unidos quando se casou, há 39 anos, e morou por muito tempo em Nova York. Há 15 anos se mudou para Oakhurst, pequena cidade na Califórnia, residência quase que exclusiva de aposentados e cuja atividade principal é o turismo. Hoje, a andreense presta serviços de contabilidade a três empresas locais.

A atividade de prefeita voluntária impõe a obrigação de participar de duas reuniões semanais (às terças e quintas-feiras) e a participação de eventos sociais, além de encaminhar demandas da população. “É uma atividade mais administrativa e social do que política”, explica Sonia, que não pertence a nenhum partido político.

A prefeita voluntária só não disputará a eleição este ano porque está no Brasil exatamente no período de campanha (a eleição está marcada para julho), e diz que não entra numa disputa para perder. Este ano são cinco candidatos a prefeito. Quando disputou, eram dois os concorrentes e Sonia obteve 9 mil votos entre os cerca de 12 mil eleitores da cidade californiana. “Estou fora nesse período de campanha, mas volto ao cargo no ano que vem”, garante.

Se em vez de Oakhurst, Sonia fosse prefeita de Santo André, sua cidade natal, a primeira ação seria “acabar com os burocratas”. Ela confessa que está há muito tempo fora do Brasil (vem a cada ano visitar a família) e não saberia dizer como mudar o que considera ruim na política aqui. “O que mais estranho em Santo André é o barulho, também acho a cidade um tanto suja. Cresceu muito.”

Mesmo sem receber salário, Sonia garante que a cobrança da população ao prefeito é igual e a disposição dos voluntários “às vezes é até maior do que de quem ganha para trabalhar pela comunidade”. Segundo ela, a atividade de prefeito e de conselheiro é exercida em sua maioria por mulheres. A andreense afirma que nunca sofreu discriminação por ser brasileira.