Política Titulo Pensamento em eleições
Título a Lula ficará
para bênção eleitoral

Cerimônia para nomear o ex-presidente cidadão andreense
é adiada a pedido de Marisa; data em março inicia campanha

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
06/02/2012 | 07:14
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O título de cidadão andreense ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará marcado pela bênção eleitoral. A pedido da mulher de Lula, Marisa Letícia, a data será postergada e deve ser remarcada para fim de março, quando, pela primeira vez, poderá externar de perto seu apoio ao afilhado político e pré-candidato petista à Prefeitura de Santo André, deputado estadual Carlos Grana. A princípio agendada para dia 15, a cerimônia foi adiada em função das sessões de radioterapia as quais Lula é submetido desde 4 de janeiro para tratar um câncer de laringe, diagnosticado em outubro.

Outro pupilo de Lula desde os tempos de sindicalismo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), sustenta que, após 15 ou 20 dias da conclusão da radioterapia, o ex-presidente estará integralmente em condições de atuar como ‘político'. "Creio que depois desse período esteja 100% para planejar a sua agenda do ano, em que terá um capítulo importante, que são as eleições municipais", diz Marinho, acrescentando que o líder já promove reuniões, recebendo amigos e lideranças no Instituto Lula.

O PT de Santo André aguarda posicionamento oficial da assessoria de Lula para fazer a reserva do Teatro Municipal. O ex-presidente encerra a última fase do tratamento da doença em 17 de fevereiro e, dependendo do resultado, em março retoma a agenda oficial, quando ele se colocou à disposição dos aliados para contribuir nas campanhas.

O evento vai esticar a série de comemorações do partido pelos seus 32 anos de fundação, que inicia dia 10. As festividades terão os holofotes voltados, principalmente, a Brasília pela presença maciça de dirigentes, ministros, parlamentares e prefeitos. Porém, o Grande ABC, berço do PT, não passará em branco. Os diretórios das sete cidades projetam ações políticas - em especial, São Bernardo, primeira sede da legenda no País. Debates, seminários e resgate da memória para dar embasamento ao plano de governo estão entre as ações.

Após mais de três décadas de história, capítulos foram escritos, com progressos e páginas negras. O coordenador da Marco PT ABC, Humberto Tobé, argumenta que hoje a sigla mostra maturidade suficiente para dialogar, sem preconceito com aliados. "Em 1989, éramos acusados de sermos sectários, que não dialogava com outras frentes. Atualmente, avançamos nesse ponto de composição política."

Tobé reconhece que a mudança de postura gerou conflitos internos, inclusive com dissidências por descrédito da manutenção da ideologia partidária, criada da aproximação dos movimentos sindicais com setores da esquerda. A aliança com ex-inimigos como Fernando Collor e José Sarney corrobora com as cizânias.

O vereador Tiago Nogueira, autor da homenagem a Lula em Santo André, argumenta que o grande desafio do PT é atrair jovens. "Estamos projetando isso com o Grana, Marinho e possivelmente com Alexandre Padilha (ao governo do Estado, em 2014). Nova safra, porque o PT mudou muito, porém não de lado. Há mais acertos do que erros."

Após entrar no poder, partido perdeu ‘mito' de diferencial

Fundado em 1980, no Colégio Sion, em São Paulo, desde a sua criação, o PT apresenta-se como partido de esquerda que defende o socialismo como forma de organização social. A cor vermelha e a estrela ao centro são prova disso. Porém, segundo especialistas, para alcançar o poder, a legenda adaptou-se à lógica da política tradicional que tanto criticava para conseguir a governabilidade e permanecer no cargo.

Segundo o consultor de marketing político e professor-titular da USP (Universidade de São Paulo) Gaudêncio Torquato, o PT nos últimos anos, apesar do discurso mais ameno, para chegar ao poder se tornou agressivo e ambicioso. "Passou a disputar cargos e fazer uma política rasteira. Assemelhou-se à velha política do poder pelo poder", avalia o professor, ao ressaltar que utilizar "essa estratégia fez reduzir sua taxa de ideologia."

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, em nota, reafirma a posição do PT na defesa intransigente da população. Ele considera que a eleição de Lula e de Dilma Rousseff fizeram com que o País entrasse em novo ciclo de transformação social e econômica. "Destacamos os programas sociais que tiraram milhões de famílias da miséria e a geração de emprego, que ajudaram o Brasil a ser hoje reconhecido no cenário internacional."




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