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Ex-diplomatas e militares australianos atacam primeiro-ministro
Da AFP
08/08/2004 | 11:30
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Mais de 40 ex-diplomatas e autoridades militares da Austrália acusaram o primeiro-ministro do país, John Howard, em uma carta publicada neste domingo, de ter enganado a nação a respeito das justificativas da guerra no Iraque.

A declaração é inspirada por outras similares divulgadas recentemente na Grã-Bretanha e Estados Unidos, transformando a Austrália no último dos aliados favoráveis à guerra a ser alvo de críticas dos próprios ex-diplomatas.

A carta afirma que o eleitorado foi enganado sobre os motivos que levaram o país a entrar na guerra contra o Iraque, liderada pelos Estados Unidos, e que a democracia não pode funcionar corretamente se as pessoas não podem confiar em seus próprios representantes eleitos.

"Nos preocupa que a Austrália tenha se comprometido na invasão do Iraque baseada em falsas suposições e enganando o povo australiano", afirma a declaração. "O regime ditatorial de Saddam (Hussein) terminou, mas derrubá-lo não foi o motivo dado ao povo australiano para ir à guerra", acrescenta.

"O primeiro-ministro disse em março de 2003 que nossa política era desarmar o Iraque, e não a derrubada de Saddam Hussein", insistem os signatários do texto. A carta adverte que a participação da Austrália na guerra contra o Iraque transformou o país em um alvo dos terroristas.

A carta está assinada por Alan Beaumont e Peter Gration, ex-chefes das Forças Armadas, Paul Barrat, ex-secretário-geral do Departamento de Defesa, por Alan Renouf e Richard Woolscott, ex-secretários-gerais do gabinete do primeiro-ministro e ex-embaixadores como Rawdon Dalrymple, Stephen Fitzgerald e Ross Garnaut.

O general Gration, chefe do Estado-Maior de 1987 a 1993, afirmou que as opiniões são compartilhadas por alguns oficiais da ativa. "Porém, devido a sua posição atual não podem se manifestar", explicou.

O primeiro-ministro Howard rebateu a carta e negou que tenha enganado o povo australiano. "Não houve pressão sobre os serviços de inteligência. O argumento de que levamos o país à guerra com base em uma mentira é, em si mesmo, uma falsidade e eu continuo o rejeitando", disse aos jornalistas em Samoa, onde participa da reunião anual dos países do Pacífico.

Os signatários da carta afirmam que não querem colocar em risco a aliança da Austrália com os Estados Unidos, mas que a mesma deve ser uma associação genuína e não consistir em uma simples aprovação das políticas que são decididas em Washington.




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