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Álbum duplo registra o samba do Recôncavo
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
02/06/2001 | 15:45
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Roberto Mendes gravou o álbum duplo Tradução (Atração Fonográfica, 12 e 14 faixas, R$ 20 em média), para mostrar o ritmo da chula, tipo de samba do Recôncavo baiano, um trabalho pessoal de observação do comportamento de um povo. Ele se nomeia o tradutor de um povo e considera seu trabalho uma apostila. “É um trabalho muito pessoal, muito visceral, vindo de onde vivo e onde quero morrer. Expiei nossos segredos, nossa alma”, diz.

Mendes, em parceria com Jorge Portugal, é autor de A Massa e Calibre, Caribe, Amor, músicas que concorreram nos festivais de MPB realizados nos anos 80 pela Rede Globo. Ele toca há 28 anos com Maria Bethânia, com que aprendeu o respeito pela cultura de um povo e a disciplina para divulgá-la. Caetano Veloso participa de uma faixa de Tradução. No primeiro CD, Mendes apresenta composições que fez a partir do ritmo da chula. No segundo, mostra gravações realizadas com chuleiros do Recôncavo.

A chula é um tipo de samba tocado com viola e pandeiro, acompanhado por palmas, sem que os participantes batam os pés no chão. O canto é o forte nesse gênero. Sua origem está com os escravos do Recôncavo baiano, que cantavam para neutralizar a dor do banzo (saudade do lar) e a dor no corpo. O saldo disso hoje em dia, segundo Mendes, é viver bem com muito pouco. “A miséria é grande na região, mas a felicidade é ter superado a dor e as mágoas e sobrevivido mais um dia”, diz.




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