É difícil separar a imagem que se tem do cantor Cauby Peixoto do que ele realmente é. A verdade é que em 77 anos de vida e 57 de carreira, as várias idéias formuladas sobre ele muitas vezes encobriram o conceito sobre o talento de sua voz e a sofisticação na seleção do repertório.
Em entrevista exclusiva ao Diário, o cantor faz confissões, mostrando onde o mito acaba e se torna um ser humano.
Faltando dez minutos para entrar em cena no Bar Brahma, Cauby está em seu camarim, sentado, de paletó preto e peruca de poucos cachos. É um lorde, como se professa por aí, e de uma calma que ninguém que não o conheça pessoalmente imagina. Preserva a voz de trovão, numa fala mansa, de poucas palavras.
Às vezes, pára de prestar atenção à entrevista e ao que diz, para posar para fotos. Levanta a manga da camisa para mostrar o relógio cheio de brilho e pede para trocar o paletó por um listrado com riscas douradas. Pergunta se o fotógrafo bateu a foto, e logo depois volta para conversa.
Confira trechos da entrevista, concedida parte no camarim, e parte via assessora:
DIÁRIO – Já se passaram mais de cinco décadas e o senhor é reverenciado, quando muitos outros que estavam ao seu lado foram esquecidos. Por que é assim?
CAUBY PEIXOTO – Minha carreira é sólida, formada junto com as fãs que na época aplaudiam, gritavam e rasgavam minhas roupas. Virei notícia por causa delas. O cantor tem de ter temperamento, profissionalismo e ser humilde. Você não pode crescer, fazer sucesso e virar a cara. Todo mundo sempre ajuda a gente um pouquinho. Quando saio, falo com todo mundo. Se é mulher, dou um beijinho. Todos gostam. O brasileiro é um povo bom, amoroso.
DIÁRIO –A sua imagem com gestos, trejeitos e forma de se vestir é estratégia ou seu estilo?
CAUBY – Os meus gestos são meu jeito de ser. Dizem que sou educado, gentleman, romântico e etc. Di Veras, meu empresário no início da carreira, teve participação. Ele mandava eu tratar com carinho todas as garotas que estivessem no meu show, não apenas as mais bonitas. A única jogada de marketing era dizer que as meninas desmaiavam quando me viam cantar. O pior, é que depois de um tempo passaram a desmaiar mesmo.(risos)
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