Corredeiras do Tempo reúne uma seleção de interessantes contos, caracterizados pela presença de suspense e por desfechos que, muitas vezes, parecem não concluir as histórias. Seguro nas dissertações, o autor imprime ritmo psicológico e envolve o leitor em algumas divagações poéticas.

Os contos são curtos e, normalmente, concentram-se intensamente em uma cena. Os personagens são anônimos e não há diálogos. É um convite para ficar a sós com o livro, em um momento propício para participar das histórias.

“O olhar vagou pela casa em busca de respostas para indagações que o atormentavam. Por que os pais, inquietos e apreensivos com sua demora, não o aguardavam junto à porta, como em vezes anteriores, para abraçá-lo? As paredes estavam encardidas, pontos de bolor formavam manchas disformes, desenhos abstratos que remetiam ao passado”, escreve Fidelis, no conto Buraco Negro.