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Cassetas voltam aos 70
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
20/11/2003 | 19:45
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Recentemente, os integrantes do Casseta & Planeta, Urgente! foram apontados como os artistas mais poderosos do Brasil. Em grande parte, o título se deve ao jeito escrachado com que satirizam políticos, celebridades, esportistas e até mesmo colegas globais. Mesmo sem poupar ninguém de suas piadas e caracterizações, continuam simpáticos aos olhos da maioria. Há uma explicação para isso: estar no semanal Casseta & Planeta, Urgente!, exibido às terças após a novela das nove, é estar na mídia.

Era de se esperar que a trupe ganhasse um longa-metragem. O programa tem média de audiência de 33 pontos e os produtos licenciados faturam cerca de R$ 2 milhões por ano. E Casseta & Planeta – A Taça do Mundo É Nossa! estréia nesta sexta na região, em um momento propício ao cinema nacional, graças aos sucessos Lisbela e o Prisioneiro e Os Normais, ambos também da Globo Filmes.

Dirigido por Lula Buarque de Hollanda e com roteiro dos próprios cassetas, a trama se passa nos anos 70, uma forma de homenagear a época em que Beto Silva, Hélio de la Peña e Marcelo Madureira ainda cursavam Engenharia na Universidade Federal do Rio. Em 1978, os três fundaram um jornalzinho e, dois anos depois, com a entrada de Bussunda e Cláudio Manoel, fizeram um tablóide. Paralelamente, em 1984, Hubert e Reinaldo lançaram a escrachada revista O Planeta Diário; em 1986, os outros cinco seguiriam o mesmo caminho com Casseta Popular. Dois anos depois, já entrosados, uniram o Casseta ao Planeta. Nessa época, já eram roteiristas da TV Pirata, da Globo.

A emissora começou a prestar mais atenção na turma do Casseta & Planeta no Carnaval de 1990, quando eles desfilaram na ala das baianas no Rio durante a cobertura no Sambódromo. Eles estrearam o humorístico próprio em 1992, com o mesmo formato que faz sucesso há 11 anos.

A passagem para o cinema vem sendo estudada há cinco anos. “Exatamente por ser nosso primeiro trabalho no cinema, achamos mais legal falar de coisas que vivemos”, diz Bussunda. “Foi na década de 1970 que nos conhecemos. Era tempo das drogas, rock’n’roll, comunista, militares, enfim, um universo riquíssimo”. O roteiro demorou a ficar pronto justamente porque foi feito como uma colcha de retalhos, com interferência de todos em todas as partes.

Em A Taça do Mundo É Nossa!, Bussunda faz o comunista Wladimir Illitch Stalin Tse Tung Guevara, codinome do pacato estudante Frederico Eugênio, que mora com a mãe superprotetora (Reinaldo). Depois de uma confusão numa churrascaria, o destino une Wladimir ao aspirante a cantor Peixoto Carlos e ao vegetariano Denilson. A idéia é derrubar a ditadura a partir do seqüestro da recém conquistada taça Jules Rimet pela Seleção, mesmo que Peixoto esteja mais preocupado em destruir o Rei da Jovem Guarda, que plagiou suas músicas, e Denilson em fumar tudo o que vê pela frente, numa versão tupiniquim de Marlon Wayans em Todo Mundo em Pânico.

Esta não é a única referência usada pelos cassetas, cuja melhor cena é inspirada nos disfarces do desenho animado Scooby-Doo. Aliás, usar tudo o que lhes passa pela cabeça é uma marca registrada, o que às vezes se torna cansativo e exagerado. Como no diálogo entre a mocinha lasciva de Maria Paula, que faz a filha de um general bundão, e o líder revolucionário Che Guevara (Cláudio Manoel), que se finge de morto para vender camisetas. Chega a ser estúpido ela gritar: “Che, que vara!”. E ele: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura”.




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