São Caetano planeja construir uma escola ecológica na área que pertenceu às antigas Indústrias Reunidas Matarazzo, no bairro Fundação. As ruínas começaram a ser demolidas ontem, e a expectativa é de que os trabalhos sejam concluídos em dois meses. Para erguer qualquer tipo de edificação ou utilizar prédios restaurados, a Prefeitura, no entanto, precisa de autorização da Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), que estuda o nível de contaminação do solo.
A iniciativa está sendo estudada em conjunto com o projeto do Parque Matarazzo, que pode ser erguido sobre o terreno de 18 mil metros quadrados.
Para a implementar a escola de educação ambiental, a Prefeitura pretende preservar parte do prédio. O local também vai servir de memória aos 55 anos de atuação da Matarazzo no bairro. "Em parte do prédio vamos investir na restauração. Algumas paredes isoladas também vão permanecer intactas, para contar um pouco da história do Fundação", explicou o prefeito, José Auricchio Júnior, referindo-se ao bairro onde acontece a tradicional Festa Italiana.
A vencedora da licitação foi a empresa ABC Demolidora, que ao preço aproximado de R$ 400 mil vai destruir paredes e colunas da antiga indústria química e reincorporar os escombros ao solo.
O processo, de acordo com o secretário de Obras, Julio Marcucci, é considerado ambientalmente sustentável. Todo o escombro será processado no local, de tal forma que seja possível ser misturado à terra. "É uma ação pioneira na região. A empresa vai garantir que não seja necessário enviar resíduos de construção a aterros sanitários."
Todo o processo será filmado pela equipe da Prefeitura. A demolição sustentável será uma das primeiras atividades educativas que será apresentada aos alunos da nova escola.
A Cetesb permitiu o desmonte das estruturas em março deste ano. O processo recebeu o aval após a constatação de que as paredes das antigas industrias não possuem agentes químicos nocivos à saúde.
MEMÓRIA
O novo parque é aguardado desde 2005 por moradores do bairro, principalmente os mais antigos. A população reclama da falta de atenção da Prefeitura ao bairro tradicional, que é separado do restante da cidade pela linha férrea da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
A atendente de cobrança Maria Emilia Testaferrata, 50 anos, cresceu no Fundação e gostou da novidade. Ela reivindica mais opções de lazer na vizinhança. "Quando quero fazer caminhada, vou para a Guido Aliberti, que tem calçada longa e livre", falou.
As Indústrias Reunidas Matarazzo, que fecharam as portas por volta de 1980, faz parte da memória de dona Ana Cassano de Agozio, 76. "Naquela época, os funcionários movimentavam o bairro e existiam muitos mercados e locais para lazer. Hoje estamos um pouco esquecidos", comentou.
Agência avalia estudo de solo encomendado por incorporadora
A Cetesb informou que recebeu neste semestre estudo sobre toda a área que foi ocupada pelas Indústrias Reunidas Matarazzo, em São Caetano. O levantamento foi feito por uma incorporadora, que detém porção do terreno. A companhia não soube informar quando a análise do laudo deve ser concluída.
Desde 1932, quando se instalou no município, a Matarazzo produziu o pesticida BHC. O uso do químico foi proibido em 1994 no Brasil. Quando encerrou suas atividades, a indústria passou por processo de desapropriação amigável: os 18 mil metros quadrados foram cedidos à Prefeitura. Hoje, apenas parte da área está nas mãos da empresa. Outro terreno foi adquirido por uma incorporadora, que solicita junto à Cetesb a construção de edificações (a finalidade não foi especificada pela companhia ambiental). "Com o parecer técnico será possível definir o uso dessas áreas ou a necessidade de sua recuperação", informou o órgão estadual.
O parque pleiteado pela Prefeitura será a primeira área de lazer do bairro Fundação. O projeto prevê áreas verdes, pista para caminhada, parques infantis além da escola ecológica. O croqui será apresentado à Cetesb após a demolição das ruínas da Matarazzo.
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