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Quase tudo é folclore!
Nayara Fernandes
Especial para o Diário
22/08/2010 | 07:01
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Andréa Iseki/DGABC


Hoje é Dia Internacional do Folclore. Foi nessa data que o escritor inglês William Thoms usou a palavra pela primeira vez, em 22 de agosto de 1846. A expressão deriva do inglês folk-lore, que significa sabedoria (lore) do povo (folk). Até 1934, era escrita em inglês, depois foi aportuguesada. No Brasil,o historiador Luís da Câmara Cascudo dedicou-se a estudar a cultura brasileira e a desvendar as figuras populares, como o saci. O negrinho de uma perna só ficou muito popular nas histórias do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, mas a lenda existia antes disso.

Pense em tudo que você fez esta semana. Brincou de passa-anel, torceu e fez figa para que seu time ganhasse a partida, ouviu histórias de sacis, tomou chazinho porque estava com dor de barriga. Já deve ter feito algo assim, comum e espontâneo, que seu pai, mãe ou avós ensinaram. O que tudo isso tem em comum? São manifestações folclóricas que, mesmo sem perceber, repetimos com frequência.

Folclore são todas as tradições populares, mitos, lendas, brincadeiras, danças e simpatias passadas de geração em geração. "As superstições também são folclore, como acreditar que dá azar passar debaixo de escada, quebrar espelho e outras coisas", fala Gabriela Bueno de Oliveira, 8 anos. Ela e os colegas do Externato Rio Branco, em São Bernardo, estão com o assunto na ponta da língua e explicam que folclore é tudo aquilo que ninguém sabe como e quando começou, mas mesmo assim é transmitido.

Para dar sorte, Bianca Cerino de Oliveira, 9, confia no trevo de quatro folhas. "Passei o dia procurando no jardim de casa até achar. Valeu a pena porque agora tenho muita sorte." João Vitor Scatambulo Cavalcante, 9, prefere usar a fita de Nossa Senhora Aparecida amarrada no pulso. "É só fazer três pedidos e esperar, depois que cai os desejos se realizam."

Muitas histórias ganham adaptações de uma região para outra, como o amuleto da fita de Nossa Senhora, que surgiu a partir da popularidade da do Senhor do Bonfim, da Bahia. O mesmo ocorre com as lendas, entre outras manifestações, porque une características do lugar em que são divulgadas. "Cada um conta de um jeito e inventa uma versão para sua história", lembra Guilherme Augusto Custódio Pereira, 9.

Está enganado quem pensa que folclore é sempre antigo. Surgem novos mitos e costumes, que vão se enraizando e passando pelas gerações. O melhor exemplo são as histórias transmitidas por e-mail que ninguém sabe a origem, mas encaminha para os amigos.

Consultoria de Valter Cassalho, da Comissão Paulista de Folclore, e do folclorista Carlos Cavalheiro

Personagens famosos
O folclore brasileiro é um dos mais ricos. Mistura tradições de índios, colonizadores portugueses e imigrantes que vieram para cá. Formado ao longo dos tempos, as histórias são passadas de pai para filho. Muitas apresentam diferenças entre as regiões, outras só aparecem em alguns lugares.

SACI-PERERÊ é o menino negro que anda numa perna só, usa gorro vermelho e fuma cachimbo. Movimenta-se com rapidez e faz travessuras para assustar as pessoas. Vive em redemoinhos de vento. Para capturá-lo, tem de jogar peneira no redemoinho e pegar seu gorro. Assim, fica obediente.

CURUPIRA é menino de cabelos vermelhos e pés invertidos (os calcanhares ficam na frente e os dedos atrás). Isso serve para despistar os caçadores, que seguem os animais pelos rastros. Quanto sente que está sendo vigiado, corre tão rápido que os olhos humanos não conseguem vê-lo. Há quem diga que encanta os caçadores, fazendo-os se perder na mata. É o protetor das florestas.

MULA-SEM-CABEÇA é mulher que namorou um padre e, como castigo, se transformou nesse animal. Solta fogo pelo pescoço e ninguém consegue domá-la.

BOTO-COR-DE-ROSA é parecido com golfinho, sai do rio à noite e se transforma em um bonito rapaz. Ele vai até a cidade para namorar e depois volta para o rio, quando se transforma em boto novamente. Dizem que deixa as mulheres grávidas.

LOBISOMEM é homem que tem a maldição de se transformar em lobo nas noites de sexta-feira de lua cheia. Na manhã seguinte, volta a ser humano e não se lembra do que fez.

IARA é sereia que vive no fundo dos rios. Atrai os homens para o fundo, cantando lindas músicas. Eles a seguem e não conseguem mais sair de lá. Os que voltam para a terra acabam ficando loucos. É a protetora das águas.




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