O secretário da Defesa, George Robertson, preferiu culpar o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, pelo ataque, que a Otan reconheceu em parte ter sido um engano, embora se negue a dar detalhes enquanto se realiza um inquérito. "As forças de Milosevic estao misturando comboios militares aos civis", disse Robertson a jornalistas. "Ele é o responsável por toda a violência que ocorre em Kosovo".

O tablóide londrino The Express disse que minutos antes do ataque da quarta-feira passada o piloto britânico de um Harrier GR-7, em missao de busca e destruiçao, informou pelo rádio ao piloto de um F-16 que podia ver claramente veículos civis entre os militares, depois de um vôo a baixa altitude. "Mas o piloto americano decidiu atacar assim mesmo e atirou num veículo militar à frente do comboio", disse o tablóide, citando fontes nao identificadas. O F-16 atingiu o veículo militar mas também dois veículos cheios de refugiados, disse The Express.

A reaçao de Robertson enfatiza a controvérsia e o desconforto da Otan sobre o ataque. A Iugoslávia diz que os avioes da aliança mataram mais de 60 albano-kosovares ao bombardearem uma coluna de refugiados e levou jornalistas estrangeiros para filmarem os corpos.

A Otan reconheceu na quinta-feira que pelo menos um de seus avioes atingiu por engano um veículo civil com resultados fatais, num "trágico acidente". Para aumentar a confusao, a Otan disse no domingo que uma fita com a voz de um piloto, apresentado na semana passada, pode nao ser uma descriçao do incidente.

Pouco antes, o primeiro-ministro Tony Blair disse que as forças sérvias expulsaram de suas casas cerca de 1,4 milhao de kosovares albaneses, numa populaçao de 1,8 milhao. "Com as informaçoes recebidas esta noite, ficou claro que Milosevic mais uma vez está tentando tirar de Kosovo todos os kosovares albaneses", disse Blair numa reuniao do Banco Europeu para a Reconstruçao e Desenvolvimento. "Milosevic, você terá que se retirar de Kosovo", acrescentou Blair. "Haverá uma força militar internacional que garantirá a terra para o povo a quem ela pertence".