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Pernilongos atacam na zona Sul de SP
Por Do Diário do Grande ABC
14/11/1999 | 16:40
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Pernilongos têm tirado a tranqüilidade dos moradores dos bairros Morumbi e Brooklin, na zona sul de Sao Paulo, perto do Rio Pinheiros. Os insetos estao proliferando na regiao.

Os moradores têm apelado para inseticidas, mas o problema persiste. Mesmo as ocasionais visitas dos caminhoes que espalham o termonebolisador (produto à base de inseticida e óleo diesel) parecem ser pouco eficientes. "As coisas melhoram por um ou dois dias, mas depois volta tudo", afirmou Mário Augusto Herédia, morador da Rua Arizona, no Brooklin.

Herédia criticou a Secretaria Municipal da Saúde. Para ele, falta cuidar das causas do problema, eliminando os focos de procriaçao. "Minha sobrinha de cinco anos teve crise de alergia e teve de ser levada ao hospital com o corpo coberto de picadas", disse. A mulher de Herédia, Marion Ferreira, diz matar, em dias de calor, de 50 a 100 pernilongos.

Na mesma rua, a 200 metros, funciona a Casa de Repouso Shams, com 26 idosos, de 73 a 95 anos, que sao as principais vítimas da infestaçao. A enfermeira Francisca da Silva está preocupada com a saúde dos internos, que ficam "empipocados" e nao conseguem dormir direito à noite.

No Morumbi, Rudolf Wechsler, médico sanitarista e morador da rua Doutor Celso Dario Guimaraes, gasta 12 latas de repelentes por mês, apesar de ser alérgico ao produto. "O repelente é prejudicial à nossa saúde, mas as nuvens de pernilongo sao piores ainda e eu nao sei o que fazer: onde vai o dinheiro dos impostos nessas horas?", reclamou Wechsler. Ele tem um filho de dois anos. Paa dormir, o garoto precisa da cama protegida por uma tela de proteçao.

Fernanda Seabra de Freitas, de 14 anos, estudante do Colégio Pio 12, no Morumbi, foi picada nos braços. "Existem muitos pernilongos por aqui", relatou. "Quando a gente chega na sala de aula, vem um monte em cima da gente", disse. Sua mae, Débora Seabra, contou já ter reclamado à administraçao regional do bairro sem ter tido resultados.

A Prefeitura - Segundo Moacir Dalbon, coordenador da Divisao de Controle de Roedores e Vetores do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), o problema que aflige os moradores da regiao só vai ser resolvido com um aumento da vazao e a despoluiçao do Rio Pinheiros. "É uma regiao de água parada e muito poluída, que dá as melhores condiçoes para esses pernilongos se reproduzirem."

Dalbon informou que entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro foram jogados 53 mil litros de inseticidas nas margens do rio. A próxima operaçao, em conjunto com a Empresa Metropolitana de Agua e Energia (EMAE), está programada para esta semana. Mas o técnico ressalvou que a soluçao é provisória. "É preciso que haja uma limpeza para que aquela água circule."

A Assessoria de Imprensa da secretaria informou que, além das operaçoes conjuntas com o EMAE, a Prefeitura está estudando a possibilidade de usar um aviao para pulverizar o Rio Pinheiros no trecho perto da Usina Elevatória de Traiçao.

Transmissor - Em Sao Paulo, nao há registro de que o pernilongo comum - o Culex quinquefasciatus - possa transmitir doenças. O inseto tem "autonomia de vôo" de quase dois quilômetros e, com o vento, pode atingir distâncias maiores. As picadas vêm da fêmeas que precisam de sangue para maturaçao dos ovos. Uma fêmea pode gerar até 1.200 insetos. Os ovos, depositados em águas paradas, eclodem em apenas dois dias. Em menos de dez, as larvas transformam-se em adultos.




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