O chefe da Seção de Instrução do ACC (Centro de Controle de Área) de Brasília, tenente Antonio Robson Cordeiro de Carvalho, afirmou nesta terça-feira, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Crise Aérea, que "não há zona cega" na área de abrangência do Cindacta 1, órgão responsável pelo controle de vôos nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Segundo Carvalho, o termo "zona cega" não é técnico, e sempre que há uma falha de visualização de aviões ou de freqüência na comunicação as áreas de manutenção são acionadas.
Sobre as falhas ocorridas no caso do choque do Boeing da Gol com o jato Legacy, em 29 de setembro do ano passado, o tenente negou que houvesse radar inoperante. Se assim fosse, disse ele, não haveria visualização do local.
Para Carvalho, o desaparecimento do avião pode ter ocorrido pelo fato de o transponder do Legacy, pilotado por norte-americanos, estar desligado. "Até o momento do acidente, não houve nenhum comunicado dos controladores de que haveria falha nos radares", disse.
O tenente, que atuava como chefe de equipe no dia do acidente, negou que haja problemas de equipamentos ou sobrecarga de trabalho para os controladores. Mas admitiu que, depois da queda, houve mudanças na forma de trabalho desses profissionais.
"Um acidente mexe muito com toda a população brasileira e especialmente com os controladores. Nós realmente estamos mais cautelosos, mais prudentes, revendo nossos procedimentos, nossa forma de treinamento, de trabalho", completou.
Entre as mudanças, o tenente apontou a realização de cursos para aperfeiçoar o domínio da língua inglesa por parte dos controladores. Depois do acidente, foi notado também um maior número de registros sobre eventuais falhas no sistema de controle do tráfego aéreo.
Carvalho afirmou, por outro lado, que não tem condições de avaliar se os controladores de vôo que estavam de serviço no dia do acidente cometeram algum erro. Ele disse que é difícil afirmar se eles deixaram de aplicar alguma norma, provocando a colisão que causou a morte de 154 pessoas.