Dois jovens praticantes de Kung Fu, da academia Templo Shaolin de São Bernardo, disputam, a partir de sexta-feira, o Campeonato Internacional Kuoshu de Baltimore, nos Estados Unidos. Uma das maiores competições do mundo, com cerca de 600 atletas, de 16 países.
Só as academias convidadas viajam a Baltimore. “O mestre escolhe os seus representantes, que são divididos primeiramente por idade, e depois pelo tempo de treino”, explica Eros Sigoli, 19 anos, que participará da primeira competição no exterior. Sem nenhum tipo de contato físico entre oponentes, para ser campeão é preciso executar movimentos perfeitos. “Nós participamos apenas no estilo louva-a-deus, no qual são avaliados beleza plástica, velocidade, pontaria, força, expressão corporal e equilíbrio”, completa.
Conhecido como a mãe das artes marciais, no Kung Fu, os praticantes imitam os movimentos de animais, como garça, tigre e serpente, para atacar e defender. Cada modalidade diferente tem um animal como modelo, e isso dificulta a popularização do esporte. “Na tentativa de inserir o esporte nas Olimpíadas, foi criado o Wushu, uma categoria mais artística e com menos divisões. Em 2008, nos Jogos de Pequim, serão feitas apresentações de Wushu para divulgar esta atividade física”, ressalta Eros.
O Kung Fu é um esporte que exige habilidade e força para executar saltos e manipular instrumentos milenares como bastões, lanças, espadas, entre outros. Apesar disso, esta arte marcial pode ser praticada por qualquer pessoa maior de 4 anos.
Em cada local de disputa há um tipo de avaliação. “No Brasil, se valoriza a força dos movimentos, já nos Estados Unidos, é a dificuldade dos golpes que faz a diferença, para os norte-americanos o show é mais importante”, argumenta Eros.
Para representar o país numa competição internacional é preciso se dedicar e suar muito. “Nós treinamos três horas por dia, todos os dias da semana, às vezes, até no domingo”, lembra Pedro Florentino Caçapava Santos, 17 anos, que disputará seu primeiro torneio internacional.
Além do esforço físico, os atletas terão que desembolsar dinheiro do próprio bolso. “O custo total da viagem ficou em cerca de cinco mil reais. Eu tenho patrocínio apenas para campeonatos internos. Mas, neste caso, teremos de pagar tudo sozinhos”, informa Eros. Como ainda não é considerado um esporte profissional, os atletas não recebem prêmio em dinheiro, apenas medalhas, troféus e diplomas.
Com dez anos de dedicação ao esporte – quatro deles como professor –, Eros revela que a atividade alterou o seu cotidiano. “O Kung Fu já faz parte da minha vida, me ajuda a enfrentar os desafios do dia-a-dia com perseverança e tranqüilidade”, ressalta. (Supervisão de Angelo Verotti)
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