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Vilões complicam vida de protagonista de 'Senhora do Destino'
Renata Petrocelli
Da TV Press
30/08/2004 | 14:27
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Nada como devaneios de bom vilão para sacudir uma trama sem muitos atrativos. Apesar dos bons índices de audiência, em torno dos 47 pontos, é exatamente este o caso de Senhora do Destino, atual novela das nove da Globo. Até a aparição da tresloucada Nazaré, de Renata Sorrah, a história se arrastava num marasmo sem fim. Mas ganhou novo fôlego a partir do momento em que a pérfida seqüestradora de criancinha começou a aprontar. Agora, quem promete dar novas e constantes dores de cabeça à protagonista Maria do Carmo, de Suzana Vieira, é o marido fujão, Josivaldo. O aproveitador vivido por José de Abreu se escondia pelos cantos, com medo de reaparecer, até encontrar no filho Reginaldo, interpretado por Eduardo Moscovis, um parceiro à altura para seus golpes.

Azar de Do Carmo, sorte de sua intérprete, do autor Aguinaldo Silva e dos telespectadores. Afinal, não há empatia que resista a semanas a fio do mesmo chororô da personagem central. Está certo que o drama de ter um filho seqüestrado justificaria a obsessão da personagem, mas não se trata da realidade pura e simples. Na ficção, a busca incessante por Lindalva começava a cansar o público, justamente quando o autor resolveu colocar mais algumas pedras no caminho da nordestina. Enquanto Nazaré usa o sofrimento da mãe desesperada para arrancar-lhe dinheiro, Josivaldo se revelará outro grande aproveitador.

Na pele do vigarista, José de Abreu vem dando um show de interpretação. Ao mesmo tempo em que não nega seu interesse pelo dinheiro de Maria do Carmo, o personagem sempre deixa no ar um tom de quem está realmente sensibilizado com a chance de ganhar o afeto dos filhos – e dos netos também, como ficou claro na bela cena em que ele se depara com as crianças de Reginaldo. A dubiedade, impressa graças ao trabalho do ator, amplia não só suas próprias possibilidades de interpretação, mas também ajuda o autor a criar múltiplas alternativas para a trama. Com Josivaldo defendido por José de Abreu, Aguinaldo pode usar e abusar de situações contraditórias envolvendo o personagem. E o trabalho dificilmente sairá da linha certa.

Ao mesmo tempo, a investida dos vilões dá um bom fôlego também ao trabalho de Suzana Vieira. Em primeiro lugar, porque ela ganha bons parceiros de cena em situações dramáticas realmente relevantes. Até então, quando não estava choramingando pelos cantos a ausência da filha, Maria do Carmo se dividia entre destacar os dotes culinários de Clementina, vivida por Míriam Pires, e se meter na vida dos filhos. E, o que é pior: excetuando-se a morte suspeitíssima de Leila, interpretada por Maria Luísa Mendonça, nada de verdadeiramente sério acontece na vida destes marmanjos. O resultado é que não restava à protagonista nada a não ser desfilar seu autoritarismo em questões bobocas, nas quais só ficava claro seu desejo de mandar na vida da família inteira. Agora, pelo menos ela tem algo bem mais importante com que se preocupar. E por isso enfrentará a resistência dos filhos, sensibilizados com o súbito ataque de instinto paternal de Josivaldo.




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