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Como o chiclete faz bola?
Por Caroline Ropero
Especial para o Diário
23/10/2011 | 07:00
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O chiclete faz bola porque contém goma (tipo de borracha feita a partir do petróleo) que o deixa com consistência elástica. Para formá-la, é preciso mastigar bastante. Assim, retira-se a maior parte do açúcar e deixa o chicle macio. Depois tem de soprar para que o ar preencha seu interior. Conforme aumenta de tamanho, a camada vai ficando mais fina até estourar.

Acredita-se que há milhares de anos o homem já mascava uma mistura de resina de bétula (árvore) com xilitol (substância natural usada para limpar os dentes) para proteger a boca. Os índios da Guatemala também mastigavam a resina de uma árvore para estimular a produção de saliva durante longas caminhadas. Os maias, que viveram no Sul do México, refrescavam o hálito com o látex (matéria-prima da borracha) do sapoti.

O chiclete que conhecemos surgiu no fim do século 19, quando o fotógrafo norte-americano Thomas Adams observou um general mexicano mascando a goma feita da seiva do sapoti, chamada chicle. Ele teve a ideia de misturá-la com alcaçuz (vegetal com raiz adocicada) e vendê-la na forma de bolinhas. Fez tanto sucesso que a primeira fábrica foi criada em 1872.

No Brasil, a guloseima foi trazida por soldados norte-americanos durante a Primeira Guerra Mundial. No século 20, a resina vegetal foi substituída por substância produzida a partir do petróleo, mais barata e que continua sendo usada. Cerca de 57 mil toneladas são fabricadas por ano no País, terceiro maior produtor, atrás apenas da China e Estados Unidos.

Faz mal engolir?

Apesar de ser doce como bala, o chiclete não deve ser engolido. Tem de mascar e jogar fora quando perder o gosto. É que o aparelho digestivo não consegue digerir a guloseima como faz com os outros alimentos. Mas não precisa ficar com medo se engolir sem querer. Ao contrário do que se diz, a guloseima não gruda nas paredes do estômago. Faz o mesmo caminho que a comida: passa pelo esôfago, estômago, chega ao intestino e sai pelas fezes. No entanto, como algumas áreas do intestino são estreitas, o chicle pode ter dificuldade para passar e, assim, provocar cólicas e dor de barriga.

Engana o estômago

Mascar chiclete engana o sistema digestivo, pois faz com que funcione como se estivesse recebendo alimento. Ao mastigar, o organismo libera substâncias (como ácidos) no estômago para iniciar a digestão. Isso pode causar irritação e dor no órgão, já que nenhuma comida de verdade chegará até ele.

O doce também prejudica os dentes por causa do açúcar. O ideal é consumir guloseimas apenas duas vezes por semana; em excesso podem causar obesidade. Há gomas sem açúcar, que surgiram a partir dos anos 1960. Mesmo assim não é bacana consumi-las demais.

Vale lembrar que o produto não limpa os dentes. Somente escova e fio dental dão conta da tarefa. Entretanto, dentistas recomendam mascar chicle sem açúcar após o lanche ou refeição para estimular a produção de saliva, que ajuda a tirar as partículas de alimentos dos dentes.

E cuidado para não engasgar. Para evitar o problema, não coloque vários chicletes de uma vez na boca nem corra enquanto mastiga.

Não pode grudar em qualquer lugar

A falta de educação de algumas pessoas fez o governo de Cingapura adotar regras rigorosas. Desde 1992, o chiclete é proibido no país. Quem for pego mascando ou vendendo pode receber multa ou até ir preso. Apenas o chicle para uso médico - como aqueles que ajudam adultos a parar de fumar - é comercializado na farmácia. Entretanto, só podem ser comprados com apresentação de documento.

Em Besançon, na França, a prefeitura encontrou modo diferente de acabar com a sujeira da goma. Foram colocados cartazes perto de lixeiras dizendo: "Cole seu chiclete aqui". A ideia fez muito sucesso.

Em Seattle, nos Estados Unidos, o Gum Wall (Muro de Chiclete) virou atração turística. Há milhares de chicles colados, formando um colorido e nada comum papel de parede. Apesar de bonito, não é higiênico. Durante a mastigação, parte dos germes que ficam na nossa boca vai parar na guloseima.

Saiba mais

Em geral, o chiclete demora cinco anos para se decompor na natureza. No entanto, o tempo depende da temperatura e umidade. Quanto mais quente e molhado o local em que está, mais rápido isso vai acontecer.

Tayná de Oliveira Franco, 9 anos, de São Bernardo, aprendeu a fazer bola de chiclete aos 6. Quem ensinou foi a irmã mais velha. A menina só não curte quando o chicle estoura e gruda no rosto. Os sabores preferidos de Tayná são os refrescantes, como menta. "Não gosto quando é muito doce."




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