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Vítimas lutam para superar trauma vivido após alagamento

Moradores de Sto. André seguiam para celebração religiosa, quando ficaram ilhados na tarde de sábado

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
12/01/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


“Quando vi a água subindo e entrando dentro do carro, já pensei no pior. Naquele momento, a única coisa que me veio à cabeça foi gritar para todos saírem do veículo e para ninguém morrer”. As lembranças do pastor Leonel Santos Souza, 53 anos, sobre a enchente que atingiu o Grande ABC no fim da tarde do sábado retratam o drama vivido por ele, sua mulher e mais quatro companheiros de igreja enquanto tentavam seguir para celebração religiosa na Capital.

No sábado, por volta das 17h30, ambos seguiam para o bairro de Itaquera, onde Souza iria ministrar culto em uma igreja evangélica. No entanto, o grupo acabou sendo pego de surpresa pelo alagamento que bloqueou a Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, na altura da Rua Erato, na Vila América, em Santo André.

“Não tinha como sair de lá. O volume de água estava tão alto que o carro começou a ser arrastado. Nunca tinha passado por algo tão terrível como essa situação. Nesse momento, já não conseguia pensar. A única coisa que me motivou a sair de lá foi estar responsável pelas três jovens da igreja que eu levaria para o culto, além da minha esposa, que estava desesperada”, destaca Souza.

As garotas citadas pelo pastor são as irmãs Adlay Vieira Silva, 17, e Keyla Viera Filho, 13, além da prima delas, Sabrina Rayane Vieira Silva, 13, todas moradoras do Sítio dos Vianas, em Santo André.

Para Adlay, a mais velha das adolescentes, o momento não será apagado de sua memória tão fácil. “Pensei que ia morrer. Antes de passarmos pelo ponto mais crítico da enchente, acabei orando para Deus nos guardar.”

Orar também foi a saída encontrada por Sabrina para enfrentar a situação. “Foi a primeira vez que estive em uma enchente. Confiei em Deus e no final deu tudo certo.”

O momento de angústia foi tão marcante para Keyla que a estudante já pensa em mudar sua rotina a partir de agora. “Se estiver chovendo, irei pensar duas vezes antes de sair de casa para não passar por isso novamente.”

Para piorar a situação de Souza, o carro em que todos estavam tinha sido emprestado naquele dia por outro integrante da igreja. “Depois que liguei para o obreiro que emprestou o veículo, ele disse que o mais importante era que todos estavam bem e que depois ele mandava o carro para o mecânico”. O veículo Ford Ka (ano 2001) teve sua parte elétrica e tapeçaria danificadas, além de o motor ter dado perda total. O orçamento para conserto foi estimado em R$ 7.000.

Para Souza, o prejuízo com o reparo do carro e o trauma vivido por todos nada mais são do que consequência de má gestão pública. “Se fosse a primeira enchente, tudo bem. Mas todo ano isso acontece, e nunca tem solução. Falta prioridade para os governantes. Dinheiro para Carnaval eles possuem.”

Após rever a foto do Diário que mostra o sofrimento passado na tarde de sábado, o pastor só tem um pensamento em mente. “Como minha mulher mesmo disse, nunca mais vamos passar por aquele local, se Deus quiser.”




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