Problemas em pronúncia e compreensão,
porém, são maiores dificuldades de candidatos
Já foi o tempo em que ter pelo menos o nível básico de inglês era considerado diferencial. Agora, empresas buscam por profissionais cada vez mais completos e com fluência tanto na conversação quanto no entendimento do que se escuta. Mas a dificuldade para encontrar esse perfil faz com que quem se destaque na segunda língua seja remunerado até 62% a mais do que quem está no mesmo cargo, mas sem esse domínio, revela pesquisa da Catho.
“Com o aumento da procura por esses profissionais, as empresas utilizam como estratégia de atração salários atraentes”, justifica a assessora de carreiras da Catho, Elen Souza.
O administrador Bruno Maion, 35 anos, de São Caetano, sabe muito bem da importância do idioma. “Se hoje eu tenho um bom emprego, devo tudo à minha fluência no inglês”, afirma. Ele atualmente trabalha em uma empresa francesa, e faz contatos em inglês direto com a matriz, o que fez do domínio do segundo idioma crucial para seu cargo. “Comparado a colegas de profissão, já percebi diferença de R$ 5.000 em relação ao meu salário e ao de quem não domina a língua”, compara Maion.
Com cerca de cinco anos dedicados aos estudos do idioma, na adolescência, Bruno nunca deixou de ter contato com o inglês. “Leio, ouço música, assisto filme e, hoje, tenho contato com materiais de estudo que complementam o meu trabalho, que ainda não foram traduzidos, o que me coloca à frente de outros profissionais”, declara o administrador.
DIFICULDADE - Contudo, encontrar perfis como o de Maion é um desafio para muitas empresas. O mesmo levantamento feito pela Catho também aponta que a maior parte dos profissionais, 37,4%, está investindo tempo em uma graduação, enquanto apenas 27,6% em cursos de idiomas. “Isso pode explicar a dificuldade em encontrar trabalhadores com nível alto de inglês, o que reflete em sérios problemas no crescimento profissional e na expansão dos negócios de inúmeras organizações”, complementa Elen.
Outra explicação para a dificuldade de encontrar candidatos fluentes em inglês é a falta de padronização das instituições de ensino da língua. “A maior parte das escolas de idiomas não segue o padrão europeu de níveis, e muitas vezes chamam um nível que não se enquadraria no intermediário de intermediário”, explica Steven Beggs, CEO da Seven Idiomas, escola de línguas. De acordo com ele, 75% dos adultos que procuram as unidades de ensino da Seven estão em busca de melhorias na carreira profissional.
Para a consultora de recursos humanos da Luandre, empresa que faz recrutamento de profissionais, Monica Roncolato, é muito comum encontrar candidatos que dizem, no currículo, ter nível superior no conhecimento do idioma do que realmente demonstram ter perante as entrevistas.
Essa explicação reflete no principal entrave que os candidatos enfrentam nas entrevistas de emprego. “Enquanto a escrita e a leitura costumam ser os pontos mais explorados pelos alunos, a conversação e o entendimento da escuta ficam sempre em segundo plano, o que faz com que o desempenho do candidato seja ruim diante de entrevistas”, explica a assessora de carreiras da Catho.
ORIENTAÇÃO - A pesquisa ainda revela que apenas 3,9% dos profissionais conseguem falar e escrever fluentemente, enquanto a maioria, 27,1%, não tem nenhum conhecimento da língua inglesa. “Um dos erros mais comuns de quem está procurando melhor colocação no mercado de trabalho é pôr o inglês e a graduação, ou outro curso de aperfeiçoamento, em uma balança, e escolher o melhor. O mais indicado é que o estudo de idioma seja feito enquanto o profissional cursa graduação ou pós-graduação”, orienta Monica.
Para quem está à procura de aperfeiçoamento, em busca de um terceiro idioma, ou até mesmo ingressar nos estudos da segunda língua, é importante conhecer a escola que irá escolher antes de fechar o pacote. “Faça uma aula teste, mas que seja real. Muitas instituições preparam aulas que não condizem com o que é de fato ensinado em dias comuns, então é preciso ficar atento a esse detalhe também. Além disso, procure indicações, como no Reclame Aqui, por exemplo, para verificar a existência de queixas. E procure saber se a escola segue padrão de nível confiável”, recomenda Beggs.
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