Prefeito contraria decisão dos parlamentares, que
proibiam o ensino de diversidade sexual nas escolas
A decisão dos vereadores de São Bernardo em proibir a ideologia de gênero na redação do PME (Plano Municipal de Educação) foi rejeitada pelo prefeito Luiz Marinho (PT). O petista vetou emenda de vereadores e contrariou conselhos de seus interlocutores políticos, que orientaram por discussões amenas com a Câmara em ano eleitoral.
Marinho publicou veto a alterações no PME no Diário Oficial do dia 30 de dezembro, mas sua vontade será debatida novamente pelos parlamentares. Na sessão do dia 6 de fevereiro, quando trabalhos retornarão na Câmara, o veto do prefeito irá para votação e a Casa poderá derrubar a deliberação do chefe do Executivo.
O veto ao ensino de diversidade sexual nas escolas estava em pacote de emendas modificativas aprovado por 21 dos 28 vereadores (muitos da base de sustentação do prefeito). As demais modificações – 11 no total – foram sancionadas pelo chefe do Executivo.
A votação que sentenciou proibição nominal à liberação da ideologia de gênero nas escolas ocorreu em meio a clima de guerra. A decisão imposta pelo Legislativo irritou Marinho, que pedia aprovação do PME sem modificações ao texto original. O termo não era citado nominalmente na redação, porém, os oposicionistas argumentavam que havia brechas que possibilitavam esse debate nos colégios municipais.
O período que antecedeu à decisão do Parlamento foi marcado por inúmeras trocas de farpas entre oposicionistas e governistas pelas redes sociais. Houve envolvimento de entidades religiosas, que pediam exclusão do termo.
O oposicionista Julinho Fuzari (PPS) e o governista Rafael Demarchi (PSD) lideraram campanha para vetar a ideologia de gênero no PME. Defensores ao texto estavam o líder de governo na Casa, José Ferreira, e José Cloves (PT).
Após derrota no Legislativo, Marinho afirmou que derrubaria a decisão, alegando falhas na redação. O petista defendia que a proibição pedida pelos parlamentares estava somente atrelada às escolas municipais, abrindo brecha nas unidades da rede privada e estadual.
“Vamos trabalhar para que o veto do prefeito não prospere. A justificativa colocada pelo Marinho não tem cabimento. No Estado, a decisão é do governo. Na (rede) particular, os pais decidem se colocam seus filhos em unidades doutrinadas por religião ou não. A insistência dele é para conseguir vontade do PT, que por questão de honra quer aprovar (o texto) em São Bernardo”, criticou Julinho.
Também contrário ao veto e da ala governista, Rafael Demarchi garantiu que manterá sua decisão. “Não mudarei meu voto. É grande equívoco do prefeito. Trata-se de clamor da sociedade e foi isso o que fizemos”, pontuou.
Indagada pelo Diário, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou.
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