A Prefeitura de São Bernardo informou ontem que metade dos imóveis que estão no traçado das novas pistas da Avenida Lions já foi desapropriada. Segundo a administração municipal, ao todo 80 construções terão de ser retiradas para realização das obras na via.
Entre os motivos que travam a aceleração da obra estão impasses judiciais envolvendo proprietários (veja reportagem ao lado).
A administração municipal informou que a prioridade são os imóveis que estão no caminho das novas faixas. O Diário esteve ontem no local e constatou que a maior parte das demolições foi feita no lado da avenida com numeração ímpar.
No outro lado, ocupado principalmente por comerciantes, os proprietários dizem que ainda não chegaram a negociar valores com a Prefeitura.
"Eles estiveram aqui semana passada, avaliaram o imóvel e nos comunicaram sobre a situação, mas não fizeram nenhuma proposta", afirmou o proprietário de uma borracharia, que preferiu não se identificar.
Ele disse que o terreno onde o comércio está instalado se estende pelos fundos da loja e, por esse motivo, não precisará sair do local. Mesmo assim, protesta contra a desapropriação. "Vamos continuar neste ponto, mas aqui já será o trecho rebaixado. Ou seja, muitos motoristas nem vão saber que estamos aqui."
OBRA
As obras na Avenida Lions, que liga Diadema a Santo André, passando por São Bernardo, tiveram início em abril do ano passado. No trecho das intervenções, de aproximadamente 700 metros, serão construídas duas pistas em cada sentido da via, além do rebaixamento das faixas centrais.
Pronta, a Avenida Lions terá características semelhantes às da Avenida Perimetral, em Santo André.
Segundo a Prefeitura, mesmo com os impasses que atrasam as desapropriações, as pistas marginais já começaram a ser construídas. A previsão oficial é de que o rebaixamento fique pronto até o fim deste ano.
Para a execução das intervenções, a administração desembolsará R$ 25 milhões, sendo 70% financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Ações na Justiça cortam o caminho
Diversos proprietários de imóveis - comerciais e residenciais - questionam na Justiça o processo de desapropriação. Entre os itens de maior discórdia está o valor oferecido pela administração municipal.
"A Prefeitura veio aqui e nos ofereceu um valor muito abaixo do que realmente vale o meu prédio. Tive de levar o caso à Justiça", disse o comerciante Paulo César Marçal, 57 anos.
Ele garantiu que só deixará o imóvel após a definição da indenização. "Não posso sair daqui e aceitar qualquer coisa. Tenho que manter meu comércio, pagar meus funcionários", acrescentou.
Segundo Marçal, ainda não foi dado prazo para que ele saia do ponto. "É complicada essa dúvida. Tenho medo que eles apareçam por aqui dizendo que devo sair daqui a 15 dias."
OUTRO CASO
Em novembro, o Diário divulgou o caso do mecânico de manutenção Wagner Luís Rodrigues, 44. Na ocasião, a Prefeitura havia emitido documento avisando que desapropriaria 22% da residência. Rodrigues entrou na Justiça solicitando desapropriação total.
Na época, o secretário de Transportes e Vias Públicas, Oscar Silveira Campos, havia se disponibilizado a negociar o caso. No entanto, a situação do morador segue indefinida.
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