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Reino Unido terá o primeiro banco de células-tronco do mundo
Da Agência EFE
28/08/2002 | 13:30
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O Reino Unido criará o primeiro banco de células-tronco do mundo, que será abastecido com embriões humanos e de medula óssea desprezados e servirá para produzir tecidos novos para curar doenças, anunciou nesta quarta-feira o Governo britânico.

Este banco, que fornecerá à ciência um material precioso e até agora pouco explorado, as células-tronco, alimentará a esperança de dezenas de doentes — do coração, de Alzheimer, e de diabetes — cujas células inoperantes poderão ser substituídas por outras novas.

O Conselho para a Pesquisa Médica (MRC, sigla em inglês), organismo que supervisiona os projetos de pesquisa oficiais, anunciará a revolucionária iniciativa no dia 11 de setembro, junto com o primeiro aniversário dos atentados terroristas nos EUA, segundo o jornal Daily Mail.

A própria natureza do projeto e a peculiar data na qual será anunciado já começou a causar polêmica no país. Sobre o dia, os críticos citados pelo jornal disseram que foi escolhida essa data para que o controvertido anúncio passe despercebido junto às informações sobre os ataques a Nova York e a Washington.

Em relação ao projeto, segundo o jornal, setores religiosos e conservadores desaprovam o uso de embriões e temem que, no futuro, os casais que sejam submetidos a tratamentos de fertilização sejam pressionados a doar os seus excedentes a este banco.

O MRC reagiu às críticas e disse hoje que o banco estará devidamente regulamentado e que em nenhum caso violará a proibição" a experiências com embriões, nem fará a destruição desnecessária. "A idéia é de que uma vez que esteja em funcionamento já não sejam necessários mais embriões, mas cada vez menos", disse a porta-voz.

Os embriões, mais que a medula óssea, são uma fonte enorme de células-tronco, a partir das quais é possível criar todo tipo de tecidos que poderão facilitar transplantes de órgãos e curar muitas doenças: por exemplo, seria possível criar novas células nervosas para casos de demência, ou células cardíacas para doentes do coração.

Segundo uma lei de 1990, os cientistas britânicos podem fazer experiências com embriões — óvulos femininos fecundados —durante 14 dias, mas apenas em pesquisas sobre fertilidade, aborto natural, anticoncepção, anormalidades cromossômicas ou doenças genéticas.

Em dezembro de 2000 esta lei foi ampliada para permitir o uso de embriões para criar tecidos novos, o que facilitou o caminho para a criação de um banco de células-tronco.

Segundo números do jornal, entre 1991 e 1998 foram produzidos, no Reino Unido, 763,5 mil embriões. Destes, 184 mil foram armazenados para uso posterior dos casais; 238 mil não foram utilizados e foram destruídos, e 48 mil foram doados para experiências científicas.




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