Dos 18 boletins divulgados pelo Semasa, 14 indicam
fornecimento inferior ao combinado entre as partes
Dados dos boletins diários enviados pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) há um mês apontam que o fornecimento de água pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) ao município é inferior à quantidade acordada entre as partes – média de 1.750 litros por segundo. Dos primeiros 31 dias em que o informativo foi divulgado, somente em 18 a autarquia conseguiu apurar o total do fornecimento devido a problema em equipamento.
Ao todo, levantamento feito por meio dos boletins mostra que, do dia 17 de novembro ao dia 17 deste mês, em 14 datas o envio foi inferior ao combinado, com média de 1.630 litros por segundo.
De acordo com a autarquia municipal, a quantidade de dias com média inferior ao volume estipulado pode ser ainda maior. Isso porque do dia 20 de novembro ao dia 2, a média final do fornecimento não foi divulgada porque o macromedidor do Sistema Rio Claro estava quebrado.
Apesar de o equipamento não demonstrar o volume correto enviado pela Sabesp durante esses dias, o Semasa informou que técnicos do departamento de manutenção e operação da autarquia acompanharam 24 horas por dia o nível dos reservatórios. Mesmo com a rotina de controle da autarquia, moradores ainda reclamam diariamente de desabastecimento em diversos bairros do município.
Segundo o Semasa, a média diária dos boletins levou em consideração o fornecimento feito pelos dois sistemas que, atualmente, são responsáveis pelo abastecimento da cidade: Rio Claro (30%) e Rio Grande – Billings (70%).
HISTÓRICO
Com mais de 700 mil habitantes, Santo André recebia antes da crise hídrica cerca de 2.000 litros de água por segundo. Desde o agravamento da seca em toda a Região Metropolitana, foi acordado entre a autarquia municipal e a Sabesp o envio de 1.750 litros por segundo – 26% menos.
Sem um contrato entre Sabesp e Semasa que estabeleça as regras de fornecimento de água para Santo André, a autarquia municipal reclama constantemente do envio insuficiente do recurso. Em nota, afirma “que tem cobrado administrativamente, principalmente via ofício e e-mail, a regularização por parte da Sabesp” em relação ao envio de água.
Questionada, a Sabesp informou que “entrega a média mensal de 1.750 litros por segundo para o Semasa, conforme acordado entre as duas empresas. Eventualmente podem ocorrer pequenas variações por conta de questões técnicas, como manutenções de rede ou falta de energia elétrica, mas a média do mês é a mesma e cabe à empresa gerenciar a distribuição.”
Sobre a falha do macromedidor, a companhia disse que o equipamento foi calibrado e aferido no dia 20 de novembro e, desde então, está funcionando normalmente.
Falta de pagamento e cobrança abusiva levam empresas a briga na Justiça
O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) travam na Justiça uma briga em decorrência de irregularidades no fornecimento de água e pagamento de dívidas no acordo firmado entre as partes.
No mês passado, a autarquia municipal solicitou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)abertura de inquérito administrativo contra a companhia para apuração de infração à ordem econômica.
O requerimento visa demonstrar que a Sabesp possui poder de monopólio da água no atacado e pratica preços abusivos que sufocam financeiramente os serviços autônomos na região metropolitana de São Paulo.
Enquanto isso, a Sabesp cobra na Justiça o pagamento de débito avaliado em R$ 2,7 bilhões que o Semasa possui com a companhia, referente a cobranças pendentes do pagamento de água.
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