Por medo do zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, cresce procura pelo produto
Os casos de microcefalia relacionados ao zika vírus ocorridos no Brasil, principalmente na região Nordeste, têm gerado grande preocupação entre as gestantes. No último fim de semana, a notícia de que o Estado de São Paulo registrou o primeiro caso suspeito, de um bebê nascido em Guarulhos cuja transmissão teria ocorrido dentro do território paulista, deixou as futuras mães ainda mais receosas. No Grande ABC, seis registros estão sendo investigados, sendo dois em Santo André, três em Diadema e um em Mauá. Até o dia 5, foram registrados no País 1.761 casos suspeitos.
O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo causador da dengue. Um grande aliado para manter distância do temido inseto tem sido o uso de repelente. A procura é tanta que o diretor-geral do laboratório Osler no Brasil, Paulo Castejón Guerra Vieira, prevê que, daqui três semanas, o aumento na fabricação do produto passará dos atuais 200% para 700%. A empresa desenvolve o repelente Exposis, tido como o mais potente em razão do princípio ativo, a icaridina. “Ele tem tempo de ação maior, de até dez horas”, falou o professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC, Mauro Sancovski.
A obstetra Ana Thais Vargas, que, além de atuar em consultório, presta atendimento na Casita – Espaço de Convivência, em Santo André, relata que as gestantes têm chegado desesperadas às consultas. “Querem saber se tudo o que está sendo divulgado é verdade, como se prevenir e como usar o repelente.”
Grávida de cinco meses do segundo filho, Mariana Guarnieri, 33 anos, começou a fazer uso do produto. “Com o aumento do calor, a gente começa a ver mais mosquitos e todo cuidado é pouco.”
A advogada Tatiana Elisa Carazza Patriota Fernandes, 33, de São Caetano, grávida de 20 semanas, também tem se cercado de cuidados. “Uso os repelentes tradicionais, os de tomada e, antes de dormir, borrifo citronela no lençol”, conta ela, que cancelou uma viagem já paga a Porto Seguro, na Bahia, para se preservar.
Prestes a dar à luz, com 35 semanas de gestação, Karllen Ávila, 26, de Santo André, já tem a utilização do repelente como um hábito diário. “Desde que os casos de dengue apresentaram crescimento, comecei a usar. Toda mãe se preocupa em excesso.”
A infectologista do Hospital e Maternidade Brasil e do Hospital Assunção Patrícia Martino Longo destaca que há alguns cuidados na utilização dos repelentes, como aplicar somente em áreas expostas e sobre as roupas, nunca colocar diretamente no rosto nem para dormir. “Toda gestante deverá consultar seu médico antes de se automedicar”, frisou.
Já a obstetra da Casita deixa mais um conselho: “A gestante, mais do que nunca, tem a obrigação de patrulhar os focos, porque a gente não para o vírus, mas para o mosquito.”
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