Pioneiros no ato contra a reorganização, alunos da EE Diadema mantêm luta pela Educação
“Percebemos o quanto somos fortes. Temos de aproveitar a força deste movimento para conquistar um ensino de qualidade e infraestrutura adequada nas escolas, um direito nosso.” Este é, na visão da estudante do 1º ano do Ensino Médio da EE Diadema Beatriz Gonçalves, 15 anos, o saldo de um mês da ocupação da unidade de ensino, pioneira no Estado na luta contra a reorganização da rede. Embora os alunos secundaristas tenham conseguido que o governo estadual adiasse o projeto para 2017, e, de quebra, o secretário estadual Herman Voorwald tenha deixado o cargo, os jovens querem mais: o cancelamento do plano, além de “garantias claras” de que todos permanecerão em suas escolas em 2016.
Até que se sintam seguros, os estudantes prometem manter colégios em seu poder pelo tempo que for necessário. “Vamos desocupar um dia, mas ainda não sabemos quando. Temos outras cobranças a partir de agora”, ressalta a aluna do 2º ano do Ensino Médio da EE Diadema Fernanda Freitas, 17. Segundo ela, nem todos os estudantes conseguirão manter as ocupações, o que não significa o fim das reivindicações. “Teremos outras formas de luta. O ano de 2016 será intenso e somos todos militantes pela Educação de qualidade.”
A unidade de Diadema, ocupada no dia 9 de novembro, continua mobilizada. Cerca de 20 estudantes permanecem no local, organizados em comissões e resistentes. “Estamos dispostos a passar o Natal e Ano-Novo aqui, se preciso for”, destaca Beatriz.
Em todo o Estado, chegou a 43 a quantidade de escolas desocupadas, sendo quatro na região – três em Santo André, além da Diretoria de Ensino, e uma em Mauá. Uma das unidades que haviam sido liberadas pelos alunos em Santo André, a EE Oscavo de Paula e Silva, foi reocupada ontem. “Voltamos porque estamos sem saber para onde vamos no próximo ano. As transferências já foram feitas e até agora não foram revogadas, apesar de o governador ter dito que tudo seria mantido. Queremos transparência”, destaca o jovem Igor Mota, 15, aluno do 8º ano do Ensino Fundamental.
“Essa geração está pensando no futuro. Na minha época, éramos oprimidos. Eles têm nosso total apoio”, destaca a assistente administrativa Soraia Martinez, 46, mãe de aluno do 7º ano da EE Oscavo de Paula e Silva.
Após assembleia realizada no domingo, as lideranças das ocupações em todo o Estado divulgaram comunicado oficial, no qual destacam que “o movimento estudantil exige o cancelamento permanente da reorganização escolar, o pronunciamento oficial do governador de São Paulo por meio de audiência pública amplamente convocada, punição aos policiais que agrediram ou ameaçaram os estudantes ao longo destes dias de ocupação e o fim dos processos contra alunos, funcionários, professores ou apoiadores da causa.”
Hoje, às 17h, será realizado ato em apoio às escolas ocupadas, no vão livre do Masp, na Capital. E, para os próximos dias, está agendada mais uma assembleia para definir os rumos do movimento, que chegou a mobilizar 200 unidades de ensino no Estado, sendo 25 no Grande ABC.
O plano previa a distribuição de alunos nas escolas de acordo com o ciclo de aprendizado. Com isso, 311 mil estudantes seriam transferidos em todo o Estado e 94 prédios fechados, sendo seis na região.
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