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Trotes são 33% das ligações para o 190
Michelly Cyrillo
Do Diário do Grande ABC
25/07/2010 | 07:02
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Das 6.000 ligações de emergência recebidas por dia pela Polícia Militar no Grande ABC 2.000 são trotes, ou seja, 33% das chamadas são brincadeira de mau gosto. Na Capital, das 35.000 ligações diárias, 5.000 não são verdadeiras, 14,2%.

O Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) ABC gerencia o serviço 190. Seu responsável, o 1º tenente Alexandre João Salomão apresentou ao Diário os bastidores desse sistema sofisticado que salva vidas, mas não é levado a sério por uma boa parcela da população.

Os atendentes são policiais treinados em reconhecer trotes. "O serviço é para emergências, precisamos do máximo de informação para agilizar o atendimento à ocorrência. Por isso são realizadas diversas perguntas, mas também é assim que filtramos o trote, porque quando é mentira a pessoa cai em contradição durante os questionamentos do policial e geralmente desliga", explicou Salomão.

A PM está investindo em tecnologia desde o início do ano. O sistema de gravação de áudio é totalmente digital. "A capacidade de armazenamento das gravações aumentou e chega até um ano. No antigo sistema aguentava apenas três meses. Com essas gravações e o sistema que arquiva o número originário da chamada podemos identificar um indivíduo que está fazendo trote", afirmou.

De acordo com o Código Penal, artigo 340, "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado pode haver punição de pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa, caracterizando crime de comunicação falsa de crime ou de contravenção". O Copom identificou, por exemplo, uma pessoa que já realizou cerca de 6 mil telefonemas falsos e irá entregar à Polícia Civil nos próximos dias a cópia das gravações para que seja investigado.

Segundo o tenente, a maioria dos trotes é feita por crianças. "Os policiais percebem pela voz, eles dão risadas e logo desligam. Os atendentes explicam que é um serviço de emergência e pede para que não liguem mais. É importante os pais orientarem para evitar que as crianças ocupem uma linha do serviço com brincadeiras. Essa ligação perdida pode fazer a diferença para um cidadão que está em apuros."

Salomão acrescenta que uma porcentagem mínima consegue enganar o atendimento. "São poucos os que passam, cerca de no máximo 10%. Há diversas técnicas para que o policial descubra e não gere a ocorrência. E isso tem de acontecer porque não pode haver deslocamento de efetivo sem necessidade. O correto era não ter nenhuma, mas tem gente que é boa para mentir", lamenta.

São Paulo - A Capital recebe em média 35.000 chamadas por dia, 5.000 falsas. Cerca de 70% vem de crianças passando trote. Aproximadamente 7.000 ocorrências de crimes são geradas a partir dessas ligações. O pico de atendimento é no fim de semana, com desentendimentos familiares ou de vizinhos, perturbação do sossego, furto e roubo de veículo.

Brigas lideram causa da chamada
O telefone não para no serviço 190. Das cerca de 6.000 ligações por dia para o Copom (Centro de Operações Policiais Militar), aproximadamente metade é de desentendimentos entre familiares ou vizinhos. E apenas cerca de mil geram ocorrências de crimes.

"Muitas ocorrências não terminam na delegacia, não geram crime, como acidentes de trânsito sem vítimas, por isso, o número é relativamente baixo. Boa parte das ligações é de pedidos de orientação. E há as chamadas desinteligências, que são desentendimentos entre casais, familiares, vizinhos. É um tipo de situação para qual os policiais já vão preparados para conduzir com o máximo de cautela, porque se não houver bastante diálogo pode gerar uma agressão ou homicídio", explicou o tenente Salomão.

A região possui seis batalhões responsáveis por 2, 6 milhões de habitantes. Todos têm um número equilibrado de chamados, porém os que se destacam um pouco mais são: o 6º (área central de São Bernardo e São Caetano) e o 41º Batalhão (parte de Santo André). A maioria dos chamados para esses batalhões são comunicações de roubo e furto de residências, veículos e documentos extraviados ou furtados.

O pico de atendimento do Copom ABC é das 14h às 22h. Nos finais de semana ou em dias de eventos na região aumentam os chamados por perturbação do sossego, como na Copa do Mundo, quando muitos chamados eram por conta do barulho dos rojões e cornetas.

Serviço também protege soldados
O serviço 190 é gratuito e deve ser utilizado somente para comunicar ocorrência em caráter de emergência, como de crimes em andamento, denúncias, ou solicitação de ajuda quando estiver sob ameaça de ato criminoso.

O Copom ABC conta com 11 aparelhos para atender os telefonemas, os atendentes são escalados de acordo com a demanda do horário de pico das ligações. Atualmente 90% da tropa já recebeu o treinamento para prestar este serviço. A meta é deixar na espera para o atendimento no máximo cinco segundos. O atendente fica na linha cerca de um minuto em uma ligação de ocorrência simples e nas mais graves até cinco minutos.

Bombeiros - "É necessário ser tudo muito rápido, para agilizar o atendimento. Por isso, pegamos o máximo de informação como endereço e características físicas, no menor tempo possível", disse o Tenente da PM, Alexandre João Salomão.

O sistema de atendimento 190 é integrado ao Corpo de Bombeiro e com o sistema para distribuir as chamadas da PM. "Cada batalhão tem uma mesa com três computadores, que direcionam quais viaturas irão atender ao chamado e também prestam auxílio ao policial na ocorrência, como checar o número do documento, emplacamento, ficha criminal através do sistema do Prodesp. E ainda se for um chamado que é de atendimento dos Bombeiros, eles são acionados automaticamente no mesmo momento que a PM."

O tempo de atendimento entre a ligação e o local da ocorrência depende de uma série de fatores, como o deslocamento da viatura mais próxima do fato.




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