No discurso-ultimato proferido na noite desta segunda-feira, o presidente americano, George W. Bush, mandou um recado direto aos militares iraquianos: que as "riquezas" (os poços de petróleo) do país não sejam destruídas.
A mensagem já vem sendo transmitida há um tempo considerável. Aviões da Força Aérea americana têm despejado panfletos em árabe nos céus das zonas de exclusão aérea, no norte iraquiano. Um deles diz: "derramar petróleo prejudica os rios e canais, assim como o futuro de sua família. Despejar petróleo em rios e canais prejudicará a possibilidade de uma recuperação econômica. Extinguirá ou colocará em perigo as espécies marinhas que servem de alimento a sua família. Anteriormente, Saddam Hussein envenenou os rios e canais. Agora, você não deve ajudá-lo a fazer o mesmo."
O temor americano é que Saddam Hussein repita o expediente do qual lançou mão em 1991, na primeira guerra do Golfo. Na época, antes de se retirarem do Kuwait, militares iraquianos explodiram vários poços de petróleo, causando perdas econômicas gigantescas e um desastre ecológico.
Desta vez, o Kuwait conta com uma proteção preventiva de forças americanas e britânicas. Não só para seus poços, mas também aos seus navios petroleiros no Golfo Pérsico.
O maior interesse, no entanto, continuam a ser as reservas iraquianas. O país tem capacidade de produzir no mínimo 112 bilhões de barris por dia. Mas especialistas calculam que o potencial das reservas seja muito superior, já que 90% do solo do país ainda não foi explorado — circula entre as empresas petroleiras americanas um cálculo de que em pouco mais de cinco anos é possível extrair mais 100 bilhões de barris.
No documento que divulgaram na cúpula de Açores, no domingo, EUA, Grã-Bretanha e Espanha afirmaram que pretendem "usar o petróleo iraquiano em benefício do povo do país". Os opositores da ação americana contra-atacam com o argumento de que será muito interessante a Bush ter o controle sobre uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Com isso, os EUA dependeriam menos da cada vez mais instável Arábia Saudita.
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