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Consórcio francês compra parte da Embraer
Por Do Diário do Grande ABC
25/10/1999 | 17:51
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A Embraer anunciou nesta segunda-feira oficialmente a sua aliança estratégica com um grupo de empresas francesas, que passarao a ter 20% das açoes ordinárias da empresa. Os novos sócios, a Aérospatiale-Matra, a Dassault Aviation, a Snecma e a Thomson-CSF, sao empresas do setor aeroespacial e militar e terao direito a um assento no Conselho de Administraçao da Embraer. O controle acionário da companhia, no entanto, continuará nas maos de Bozano, Simonsen e dos fundos de pensao Previ e Sistel.

O grupo francês vai adquirir 48,5 milhoes de açoes ordinárias da Embraer. Será divulgado nesta terça-feira um anúncio de oferta pública para a aquisiçao de 36 milhoes dessas açoes, ao preço de US$ 4,30 por açao. Posteriormente, será publicado um outro anúncio de oferta privada para a aquisiçao das 12,5 milhoes de açoes restantes. No total, a operaçao chegará a US$ 208,5 milhoes.

Com essa aliança, a Embraer pretende crescer no mercado internacional e entrar em outras áreas, como a militar. Pela natureza dos novos sócios, a empresa poderá desenvolver novos produtos e tecnologias nesta área. O presidente da companhia, Maurício Botelho, chegou a citar nesta segunda-feira a possibilidade de desenvolver um projeto de um jato supersônico para a Força Aérea Brasileira. "Ainda nao recebemos detalhes da FAB sobre isso, mas sabemos que há um desejo de renovar a frota", afirmou.

A Embraer também se interessa pelo mercado asiático e, segundo Botelho, há uma atençao especial para a China. A Aérospatiale já está presente naquela regiao e, através dessa parceria, a companhia brasileira pretende entrar na disputa. "O fundamental é que vamos ampliar a nossa base de clientes e expandir nossa base geográfica", disse Botelho. A Embraer detém nesta segunda-feira 45% do mercado mundial de aviaçao regional.

Esses planos, no entanto, nao estao no curto prazo. A aliança entre Embraer e o grupo francês nao foi condicionada a novos projetos. Pelas perspectivas de Maurício Botelho, nada está planejado ou definido pelo menos nos próximos seis meses. "Nao fizemos um acordo para desenvolver projetos, e sim para explorar nossas sinergias", explicou o executivo. "Teremos tranqüilidade para disputar o mercado global de 45 até 340 passageiros", acrescentou.

O presidente da Embraer acredita que nao haverá conflitos com as aeronaves da Airbus na mesma faixa de capacidade. A Aérospatiale detém 38% de participaçao no consórcio Airbus, o segundo maior fabricante de avioes comerciais do mundo. "O nosso produto é voltado para o mercado regional, e os jatos da Airbus estao destinados às grandes linhas aéreas". O projeto da Embraer é aumentar a produtividade de seus empregados, dos atuais US$ 280 mil anuais por funcionário para US$ 500 mil/funcionário/ano. Com a expansao da companhia em outros mercados, Botelho acredita que esta meta seja facilmente alcançada nos próximos cinco anos.

Maurício Botelho afirmou ainda que a Embraer ainda nao definiu mecanismos para captar recursos no exterior. Ele chegou a citar a possibilidade de lançar açoes no mercado internacional mas nao mencionou prazos. "Temos a idéia de captar recursos no exterior, mas ainda nao definimos nada", afirmou. A empresa faturou US$ 800 milhoes no primeiro semestre deste ano. Botelho nao quantificou o potencial de expansao da Embraer com essa parceria.

A Embraer é a quarta maior fabricante de avioes comerciais do mundo e sua carteira de pedidos hoje é da ordem de US$ 18 bilhoes entre pedidos firmes e opçoes de compra. A Aérospatiale-Matra é uma das maiores participantes em projetos de avioes comerciais, executivos e militares. Seu faturamento no ano passado ficou em US$ 8,84 bilhoes em vendas consolidadas. A Dassault Aviation é uma das principais fornecedoras de aeronaves de alta tecnologia para emprego civil e militar, e suas vendas foram de US$ 3,26 bilhoes em 98. A Snecma opera na área de mecânica, aeronáutica e espacial, e no ano passado teve faturamento de US$ 4,7 bilhoes. Por último, a Thomson-CSF é líder mundial no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos para aviaçao comercial e militar. Em 98, registrou vendas consolidadas de US$ 6,8 bilhoes.




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