A cidade que mais realizou partos cesarianos no Grande ABC no ano passado foi São Caetano. Levantamento feito pelo Diário junto às prefeituras aponta que dos 864 procedimentos realizados pela rede pública de saúde da cidade, cerca de 58% foram cirúrgicos. Até maio deste ano, o índice já havia atingido a marca de 59%.
Os números não atendem à recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que preconiza que as cirurgias deveriam corresponder a, no máximo, 15% dos partos. Também são superiores às médias de 2006 do Estado (54%) e do País (45%), divulgadas pelo Ministério da Saúde.
Na seqüência de São Caetano aparece Mauá, que soma 42% de cesarianas, seguida por Santo André com 40%, Diadema com 34%, São Bernardo com 33% e Ribeirão Pires com 29%. Em Rio Grande da Serra não há maternidade.
No setor privado os partos cirúrgicos são quase unanimidade. No ano passado, eles representaram 80% dos nascimentos cobertos pelos planos de saúde no Estado.
As estatísticas vão contra as recomendações de especialistas, que afirmam que o parto normal oferece menos riscos aos bebês e às mães. Mas eles têm dois problemas: o medo que as gestantes têm da dor e a conveniência das cesáreas, que pode ser feita com data e horário marcados.
"O ser humano não tolera mais esperar. A tecnologia deixou as pessoas mal acostumadas e a natureza foi esquecida", opina o médico obstetra e professor de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC, Milton Carvalho. Filho de parteira, o médico não vê o crescimento das cesáreas com tranqüilidade. "Na maioria das vezes, a cesárea é feita sem que a mulher esteja em trabalho de parto e corre-se o risco de nascer um bebê prematuro".
A professora Shirley Silva Inoe, 29 anos, queria que seu primeiro filho, Caio, viesse por parto normal, mas a posição do bebê no útero não colaborou. "Eu tinha dilatação, mas ele estava sentado. Tive de fazer cesárea."
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