"Estamos revoltados porque, no estudo, a Secretaria de Estado dos Transportes (que elaborou o EIA-Rima) utilizou uma metodologia com um resulto conveniente", afirmou Carlos Bocuhy, presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental) e um dos conselheiros do Consema. "O Estado está passando o trator sobre a gente para conseguir o quanto antes a aprovação do projeto do Rodoanel, sem se preocupar com os verdadeiros riscos que ele vai acarretar."
No documento do EIA-Rima, alguns riscos são citados. Entre eles, a suscetibilidade à erosão dos trechos por onde passará a pista; o aumento do risco de contaminação do solo por resíduos despejados pelos carros; desmatamento de 297 hectares de formações florestais; além da alteração da qualidade da água ao movimentar sedimentos contaminados da represa Billings durante a construção de uma ponte de 9 km, que deverá ser construída sobre o braço Rio Grande. "Esses são apenas alguns pontos que estão sendo listados. Como a metodologia utilizada é duvidosa, não é possível saber se os riscos se resumem a essa lista", disse Bocuhy.
Paralelo à ação civil pública que está sendo elaborada pelos ambientalistas, a ala de oposição do Consema protocolou no último dia 27 uma representação no MP (Ministério Público) solicitando a sua participação na discussão. Passados quase 20 dias, o documento permanece sob análise do MP, que ainda não se posicionou contra ou a favor sobre o pedido. Está em tramitação ainda outro processo do Ministério Público que obriga o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a também elaborar um EIA-Rima sobre o projeto do trecho Sul.
Sem dar explicações, o Ibama não aceita fazer a análise e recorreu da ação, aguardando o julgamento de seu recurso. "Seria uma ferramenta para impedir que o próprio empreendedor do Rodoanel (o governo do Estado) analise a viabilidade ambiental do projeto", afirmou o também ambientalista Virgílio Alcides de Farias, presidente do MDV (Movimento de Defesa pela Vida). Somados, todos esses elementos colocam em risco a intenção do governo em dar início às obras do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas a partir do primeiro semestre do ano que vem.
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