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Ipiranguinha é sede da Banda Lira de Sto.André

Maestro Claurício Cypriano, 79 anos, está há 23 no comando dos músicos e se dedica totalmente à música

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/11/2015 | 07:00
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Denis Maciel


A região do Ipiranguinha, na Vila Alzira, fica próxima ao Centro de Santo André e é cheia de boas histórias. O local é sede da Corporação Musical Lira de Santo André, conhecida como a Banda Lira da cidade, que foi fundada em 1918.

Comandando o grupo, que atualmente conta com 28 pessoas, está o maestro Claurício Cypriano, 79 anos, que pode ser encontrado na sede durante toda a semana. Entre todos os regentes que passaram pela banda, ele é o que se mantém há mais tempo no cargo. São 23 anos e ele garante que serão muitos mais. “Todos os dias torço para não envelhecer rápido nem perder essa força para reger. Hoje me dedico totalmente à música e faço o que amo”, afirmou.

Vitalidade e experiência são o que não faltam para Cypriano. Ele, que nasceu em uma família de músicos, afirmou que nunca pensou em seguir outro caminho.

O pai dele tocava trombone, instrumento pelo qual ele se apaixonou ainda menino. Porém, o genitor sempre o desencorajou, de modo que Cypriano tinha que tocar escondido. “Meu pai dizia que não valia a pena ser músico, que eu deveria estudar muito e me concentrar nisso. Então, tinha que tocar escondido. Ele acabou descobrindo quando pedi dinheiro e contei que era para comprar um trombone para mim.”

Ele tinha 16 anos à época e morava em São Caetano. Toda a família veio de São João da Boa Vista, cidade do interior paulista.

Desde então, o maestro não quis saber de outra coisa, mas acabou aprendendo rápido o quanto era difícil viver somente de música no Brasil. Quando se casou e formou uma família, hoje com dois filhos, Cypriano precisou de um emprego fixo.

Começou então a trabalhar como metalúrgico na Volkswagen, em São Bernardo, onde ficou até se aposentar. Porém, uma banda foi montada pelos operários dentro da fábrica e, assim, ele reencontrou a sua verdadeira paixão. “Primeiro comecei a jogar no time de futebol da Volks, no qual cheguei a técnico. Depois veio a banda e, como o pessoal já tinha me visto tocar, não teve nem discussão. Então comecei a reger”, afirmou.

Foi aí que Cypriano aprendeu importantes lições que levou para toda a vida. As principais são que o maestro deve estar sempre bem para poder conduzir os músicos e deixá-los à vontade, além de ter firmeza em seus atos.

Após a aposentadoria, a carreira de Cypriano deslanchou. Ele também participou da Orquestra Sinfônica da Fundação das Artes de São Caetano até chegar na Banda Lira. Ele conta que uma das maiores alegrias foi quando o pai o assistiu tocar. “Ele tinha problema de coração e se emocionou muito. Por causa disso ele me viu poucas vezes, porque ficávamos com medo de ele passar mal, mas todas foram inesquecíveis.”

Atualmente a Lira faz 16 apresentações mensais, a maioria em eventos da cidade. “A banda é uma família.”

Seu José vende mais de 800 discos de vinil em banquinha

Há 19 anos admiradores dos discos de vinil contam com o acervo da barraca do seu José no Ipiranguinha. José Gentil Pairo, 76 anos, vende 800 unidades a preços que variam de R$ 1 até R$ 500.

Ele chegou ao Grande ABC em 1961 em busca de trabalho nas empresas da região, o que encontrou em Utinga. Depois de se aposentar, percebeu que não ia se acostumar a ficar em casa e tratou de arrumar uma ocupação.

“Conhecia a pessoa que era dona dessa banquinha e comprei dele. Sempre gostei dos discos, mas não entendia nada de música, então, tive que estudar muito. O que mais vende, sem dúvida, é o rock.”

Pela mão de seu José passaram raridades. Ele lista como a maior delas o álbum Let Me Sing, de Raul Seixas, gravado pelo fã-clube do cantor e compositor. Foram produzidas apenas 1.000 cópias e ele já vendeu três delas.

Conforme seu José, o mercado de discos está em crescimento. “Não se vende tanto quanto antigamente, mas hoje há muitos colecionadores e as pessoas voltaram a comprar. A maioria porque gosta do som”, afirmou.

Ele vê a venda como um hobby, mas já pensa em parar. “Poderia até expandir, mas preciso descansar”, disse.

Funcionária tem parque do bairro como segunda casa

No Parque Antonio Flaquer, conhecido pela população de Santo André como Ipiranguinha, Tânia Guedes de Moraes, 46 anos, é a responsável pelos serviços gerais. Ela trabalha com a manutenção diária, limpeza e também ajuda nas questões administrativas.

A família de Tânia é natural da cidade de Paulista, em Pernambuco, e chegou a Santo André quando ela era criança. Em 1992, fez concurso público para a Prefeitura e há três anos trabalha no parque. “Não gosto de ficar em lugares fechados, então, poder estar todo dia aqui é um presente. Sempre apreciei ficar perto da natureza”, disse.

Segundo ela, com o tempo de atuação ali, já é possível conhecer os frequentadores do parque, mas principalmente os animais de estimação. “Sei o nome de todos os cachorros, mas não o dos donos. Mesmo assim, a gente não esquece do rosto de quem vem sempre.”

Todos os funcionários e atrações que se apresentam no parque também conhecem Tânia. Ela afirmou que não pensa em fazer outra coisa da vida. “Aqui é muito tranquilo e venho feliz para o meu trabalho. Já estou acostumada.”




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