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Projeto Drenar traz prejuízo a lojistas da Rua Jurubatuba

Interdição do cruzamento com a Alameda Glória
interfere em vendas e causa problemas no trânsito

Nelson Donato
especial para o Diário
04/11/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


“Hoje as pessoas fogem da Rua Jurubatuba.” A afirmação é da secretária Muna Jarouche, 22 anos, que viu o movimento do comércio em que trabalha cair cerca de 40% desde que as obras do Projeto Drenar na via, famosa pelas lojas do ramo moveleiro, tiveram início. Além do prejuízo, há problemas com o trânsito e até casos de dengue.

Se a promessa do prefeito Luiz Marinho (PT) era de extinguir as enchentes, hoje, por conta de inúmeros atrasos, a realidade é de transtornos e insatisfação. Nada boa para aquela que promete ser a vitrine do secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT), escolhido por Marinho como seu sucessor na corrida eleitoral do ano que vem.

Na Alameda Glória, no Centro, a construção de galeria de 1.015 metros de comprimento que escoará a água da chuva até o Piscinão do Paço é o principal motivo de dor de cabeça. O trecho que faz cruzamento com a Rua Jurubatuba é um grande canteiro de obras inacabadas. O asfalto foi removido e, em dias de chuva, a via vira lamaçal. O trânsito também foi comprometido pela interdição. O fluxo de veículos, que já é caótico na região central, em diversos momentos do dia fica parado.

Tais fatores têm irritado os comerciantes. “Os clientes já não têm onde parar e, com esse trânsito, muitos evitam passar por aqui”, diz Muna. Segundo ela, a situação agrava-se quando máquinas da Prefeitura bloqueiam a rua. “Aí fica impossível. Entendo que as obras são importantes, mas não do jeito que estão sendo conduzidas, sem prazo para acabar.”

Um dos estabelecimentos que mais sofrem com a demora nos trabalhos é a revenda de automóveis ABC Veículos. Nos últimos seis meses, quando a alameda foi bloqueada, o prejuízo soma R$ 6 milhões. “A crise que o País atravessa tem nos afetado também, mas muitos compradores desistem de fechar negócio por conta da dificuldade de acesso à loja”, explica o gerente de marketing Carlos André Puras, 41.

Além da queda nas vendas, Puras sofre com diversas intercorrências geradas pelas obras. “Devido à sujeira, tivemos que elevar o gasto com limpeza dos carros. Além disso, vários dos nossos funcionários contraíram dengue por conta da água parada. O que mais revolta é que há três meses não vejo ninguém nesta obra e, o pior, sempre que chove forte, ainda há alagamentos.”

O comerciante Youssef Orra, 34, conta que aprova a iniciativa antienchentes, mas critica o atraso. “Isso (Drenar) é um mal necessário, todo ano os lojistas têm prejuízos. Porém, essa demora não está certa. Meu primo foi obrigado a fechar seu ponto quando as obras começaram e até hoje não foi ressarcido por isso.”

Com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e orçado em R$ 600 milhões, o Drenar é alvo de reclamações de moradores da cidade. Cerca de metade deste montante foi destinada a intervenções no Centro. A demissão de 120 funcionários por parte da Construtora OAS, na última semana, contribuiu ainda mais para a demora na entrega do principal equipamento, o Piscinão do Paço, que escoará a água acumulada na Rua Jurubatuba. A previsão de entrega inicial era julho deste ano, mas foi estendida para o fim de 2016.

Procurada, a Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição.

 




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