Apenas São Bernardo confirmou presença;
alegações são falta de licitação e verba curta
Das sete cidades do Grande ABC, apenas São Bernardo vai enviar representantes para os Jogos Abertos do Interior, que acontecem de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Barretos. Alegando razões distintas, Santo André, São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires – Rio Grande da Serra não se qualificou para a disputa – desistiram de participar da competição.
A última vez que as cidades do Grande ABC não estiveram nos Jogos Abertos foi em 1987, quando, em conjunto – inclusive contando com São Bernardo –, desistiram por não concordarem com mudança de última hora no regulamento da competição que favorecia Santos.
Para se ter uma ideia da representatividade das cidades do Grande ABC nos Abertos, das 78 edições realizadas até hoje, Santo André (12) e São Caetano (15) conseguiram, juntas, 27 títulos, sendo que os são-caetanenses venceram 14 das últimas 18 temporadas.
Oficialmente, a alegação das prefeituras de Santo André e São Caetano é que as diversas mudanças de sede e o curto espaço de tempo após a confirmação de Barretos, que ocorreu nos últimos dias, impossibilitaram o processo de licitação para a contratação de serviços de alimentação e transporte. Diadema, Mauá e Ribeirão Pires acusaram falta de verba.
Inicialmente, os Abertos seriam em São José dos Campos, que desistiu de receber a competição alegando falta de recursos financeiros. Ribeirão Preto se prontificou a sediar, mas foi impedida por conta de ação civil pública que proibiu a cidade de utilizar as escolas para alojar os atletas. O plano C era São Bernardo, que abriu mão alegando que não houve respaldo por parte da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude.
Nos bastidores, alguns dos principais dirigentes esportivos da região e que estão envolvidos com a competição acreditam que a desistência das seis cidades do Grande ABC e de outros municípios pode fazer com que o governo estadual cancele definitivamente os Jogos Abertos. O secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Jean Madeira (PRB), porém, negou essa possibilidade.
“Ainda que algumas cidades desistam dos Jogos Abertos, por conta de todas essas complexidades e do momento instável economicamente que nosso País vive, nossa avaliação é de que, ainda assim, é melhor realizar a competição do que simplesmente cancelá-la”, comentou o secretário em nota enviada por e-mail.
Secretário são-bernardense diz que terá de fazer mágica
Assim como os vizinhos do Grande ABC, São Bernardo pensou seriamente em também desistir de disputar os Jogos Abertos. O secretário de Esporte e Lazer, José Alexandre Devesa, disse que a decisão de ir para Barretos foi tomada pensando exclusivamente nos atletas e treinadores que se dedicaram durante toda a temporada esperando por este momento.
“Estamos chateados, pensamos em desistir também, mas em reunião decidimos encarar a situação em respeito aos atletas que se dedicam nos treinos para representar o município em competição tão importante como os Jogos Abertos. Por conta deles resolvemos ir para Barretos”, explicou Zé Alexandre.
O secretário, porém, ainda não sabe como fará para alojar toda a delegação são-bernardense em Barretos. “Nos foram cedidas apenas 30 salas de aula em duas escolas. Serão só 180 beliches para acomodar 600 pessoas, entre atletas, treinadores e equipe de apoio. Não sei qual mágica iremos fazer, mas vamos encarar esse desafio”, ressaltou Zé Alexandre.
Além da falta de espaço para acomodar a delegação, o transporte é outro problema que São Bernardo terá de driblar. “Serão 12 dias de competição com jogos acontecendo ao mesmo tempo. A logística também ficará comprometida, até porque algumas modalidades não serão disputadas em Barretos, como o atletismo, que será em São José do Rio Preto. Vai ser uma loucura, mas não tem outro jeito” finalizou Zé Alexandre.
Jean Madeira culpa desistência das sedes e greve por situação ruim
As três mudanças de sede e a greve de professores no meio do ano foram apontadas pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo como as principais razões para que os Jogos Abertos do Interior, conhecidos como Olimpíada Caipira tamanha sua representatividade, tenha definhado em 2015.
Jean Madeira (PRB), titular da Pasta, lamentou a situação. “Tivemos complexidades para viabilizar esta edição da competição, a maior de nosso calendário. São José dos Campos foi eleita em 2013 para sediar os Jogos. Desistiu no ano passado alegando dificuldades financeiras. No fim de 2014, Ribeirão Preto assumiu a responsabilidade, mas há 60 dias do início, foi notificada pelo Ministério Público da cidade, que desautorizava a utilização de escolas para alojamento de atletas, o que inviabilizou a realização dos Jogos”, explicou o secretário.
Jean Madeira disse que escolher Barretos foi a última opção. “Fizemos negociação com São Bernardo, que fez todos os esforços, mas a maior greve de professores da história do Estado de São Paulo (92 dias) também inviabilizou a realização da competição no município. Em 1989, houve 80 dias da mesma greve e os Jogos não foram realizados. Na intenção clara de não cancelar a competição, conseguimos encontrar em Barretos as condições para sediar o evento”, declarou.
Diante da situação, o secretário garante que não haverá represálias para as cidades que se ausentarem. “Pensando em todas as circunstâncias, retiramos do regulamento da competição a punição a cidade que resolva não participar dela em 2015”, ratificou Madeira.
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